O ex-secretário estadual de Saúde durante o governo Sérgio Cabral, Sérgio Côrtes, prestou depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira após ser citado na operação Ressonância, que investiga desvios na área da Saúde até o ano passado. Côrtes disse que recebeu até US$ 3 milhões do empresário Miguel Iskin, “em troca de favorecimentos feitos ao empresário, durante o período em que exerceu a direção do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia) e a Secretaria de Estado de Saúde”.
De acordo com o termo de declarações, ele disse ainda que “esse modelo de favorecimento aos empresários já existia há décadas, onde o médico chefe do setor determinava ou descrevia o material ou o equipamento que gostaria de utilizar”.
Ainda segundo Côrtes, Iskin e outros três fornecedores “já eram ou buscavam tornar-se representantes dos fabricantes dos itens descritos pelos médicos” para ganhar as licitações. As empresas, segundo o ex-secretário, sabiam que só conseguiriam colocar seus produtos no Into com a interveniência das empresas de Iskin. Sérgio Côrtes também admitiu que, de maneira indireta, havia uma restrição na concorrência das licitações.
Côrtes disse que recebeu de Gustavo Estellita, sócio de Iskin, pagamentos em espécie na sua residência de 2007 a 2010, época em que era secretário. O ex-secretário admitiu também que, durante seu mandato, as práticas ilícitas continuaram. “À frente da SES-RJ (Secretaria de Estado de Saúde) teve conhecimento que o mesmo esquema de corrupção permanecia funcionando no Into, mas (diz) o declarante (que) não recebeu qualquer pagamento ou vantagem em razão desse esquema, uma vez que não tinha mais influência sobre o Into”.
A defesa de Miguel Iskin considerou a operação Ressonância “uma repetição da operação anterior, na qual a prisão preventiva do empresário foi afastada pelo Supremo Tribunal Federal”.
O Into disse que vai colaborar com as investigações e não comentou a prisão do atual diretor, André Loyelo. (A.N.)