Funcionalidade do Cepop em debate
Virna Alencar 21/07/2018 17:38 - Atualizado em 23/07/2018 14:20
Centro de Eventos Populares
Centro de Eventos Populares / Isaias Fernandes
O Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), situado na avenida Alberto Lamego, no Parque Vila da Rainha, inicialmente criado para sediar o Carnaval e eventos, agora é utilizado para estacionamento de veículos oficiais e até sede de algumas secretarias da Prefeitura. Com orçamento inicial de R$ 70 milhões, o espaço, com capacidade para 20 mil pessoas, conta com o maior palco fixo da América Latina.
Para o sociólogo George Gomes Coutinho, um investimento como esse poderia ser mais bem aproveitado, diante da gama de artistas locais, somada à carência da cidade em espaços de convivência coletiva.
— Eventos permitem que pessoas de diferentes classes compareçam sem a onerosidade. Ele pode ser melhor aproveitado em termos de política de inclusão. É possível ter uma série de eventos culturais, afinal, a cidade tem uma tradição de samba, cultura popular, uma gama grande de músicos, gente com trabalho autoral e fazendo cover artístico por aí — avaliou.
Mas para que a política cultural seja colocada em prática, George ressaltou que a ação deve ser sistemática. “Não costuma dar muito certo fazer tal política a cada seis ou oito meses. Nossa sociedade é muito diversa. Tem que ter espaço para o cara que ouve heavy metal e também contemplar quem curte xaxado. A questão da produção artística cultural é uma necessidade humana. Uma sociedade não é suficientemente civilizada sem esse tipo de movimentação”, concluiu.
Já o urbanista Renato Siqueira disse que a construção do Cepop é questionável pela escolha do local de instalação, na medida em que foi localizado fora do núcleo da cidade, não sendo considerados os aspectos de circulação e mobilidade. “Qualquer implantação de equipamento urbano que tenha grande impacto como o Cepop, que acaba sendo polo de acesso intenso, deve-se ter o seguinte questionamento: ‘que tipo de impactos serão causados quando a população decidir fazer uso desse espaço?’”, questionou.
Diante do problema apresentado, o especialista falou da necessidade de um direcionamento de acesso ao Cepop, sem causar impacto no fluxo das pessoas. “Quando tem qualquer tipo de evento no Cepop é um problema. O poder público acaba tendo que pensar em um plano de emergência para que o transporte passe a atender durante a realização, especialmente nos horários de pico de festa. Se for contar com a infraestrutura padrão de circulação de transporte coletivo, por exemplo, ela não atende à demanda”, disse.
Centro de Eventos Populares
Centro de Eventos Populares / Isaias Fernandes
Tentativa de fomentar a utilização do espaço
A superintendência de Comunicação da Prefeitura disse que, além de espaço para eventos, o Cepop abriga a superintendência de Entretenimento e Lazer, órgão que administra o espaço com a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).
Segundo a superintendência de Entretenimento e Lazer, para oferecer viabilidade na realização de eventos no Cepop, por meio da iniciativa privada, foi publicado o decreto Nº70 /2018, que dispõe sobre o pagamento de preços públicos pela utilização do Cepop e fracionamento dos espaços, de acordo com a abrangência dos eventos, o que pode diminuir o custo, dando maiores possibilidades ao local. Antes do decreto era possível somente o aluguel de todo o espaço, o que dificultava o acesso aos organizadores.
Eventos sem cobrança de ingresso, cuja realização atenda ao interesse público, poderão, por ato motivado, ser isentado do pagamento de preços públicos.
Somente este ano, o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop) recebeu mais de 10 eventos, entre públicos e privados, como o “Detran Presente”. O espaço recebeu, ainda, eventos como Moto Campos, Desfile de Sete de Setembro, Rancheirada da Coesa, Corrida Ciclística, abrigou o 19º Congresso da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), entre diversos outros eventos, sempre no sentido de tornar o espaço um local direcionado a diversos segmentos.
Medidas são adotadas em busca de economia
A FCJOL destacou medidas para economizar nos gastos de manutenção do espaço. Entre elas, lembrou que até 2016 chegou a ser gasto, por um longo tempo, quase R$ 20 mil mensais em contas de água. No início de 2017, equipes da FCJOL fizeram um levantamento em todos os equipamentos culturais do município e, no Cepop, foi identificado um vazamento de água, sendo imediatamente reparado pelo órgão no início de 2017, o que gerou uma redução de mais de 50% deste valor mensal na conta de água.
O espaço tem capacidade para cerca de 20 mil pessoas, entre arquibancada, camarote e pista. De acordo com o projeto, o Cepop possui 5.471 m² de área construída, com dois pavimentos. A lotação total das áreas é de 7.516 pessoas sentadas e 12.500 em pé, de frente para o palco e uma pista de 280 metros.

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