Verônica Nascimento
11/07/2018 10:23 - Atualizado em 12/07/2018 14:01
Um dia depois da prisão do ex-marido e principal suspeito e exatamente dois anos após o registro do desaparecimento de Débora dos Santos Moura, 33 anos, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), a família da diarista retornou à Deam nesta quarta-feira (11), buscando informações sobre as investigações do caso. Clamando por justiça, a mãe de Débora, Euza Santos, que não entende por que o caso ainda não é investigado como homicídio, diz que, com a prisão do ex-genro, a família tem esperança que denúncias levem à localização do corpo da vítima, desaparecida em 5 de julho de 2016.
— Minha filha está morta, eu tenho certeza. Ela não teria desaparecido, pois trabalhava muito para cuidar dos filhos. Contar que matou, ele (o ex-marido) não vai contar, mas ele não fez isso sozinho, tinha mais gente no carro quando minha filha foi levada. Agora, quem sabe, alguém possa contar o que aconteceu e onde está o corpo dela. Dois anos sem minha filha, dois anos de dor por saudades e por nem ter conseguido dar um enterro a ela — disse Euza.
Por medo do suspeito, preso nessa terça-feira (10) por tráfico de drogas e em cumprimento a um mandado por tentativa de homicídio em 2015, a família da diarista já não mora em Campos. Débora deixou três filhos. O mais velho, do primeiro casamento, mora com o pai e os outros dois são criados pela avó.
— Minha vida foi destruída. Perdi uma filha e as crianças ficaram sem mãe. Ela era muito alegre, “trabalhadeira” e, mesmo desempregada, deixava currículos e fazia faxinas para cuidar dos filhos. Na época, avisamos para ela ter cuidado, porque ele estava rondando no bairro, sendo visto no mesmo carro. No dia 5 de julho de 2016, ela tinha deixado o filho na creche, às 8h, e estava perto de casa, na esquina, quando foi levada. Dia 24 de julho, foi aniversário dela e todo mundo chorou — contou Euza.
A família de Débora questiona o desaparecimento não ser investigado como assassinato e compara a situação com o caso Eliza Samudio. O corpo de Eliza nunca foi encontrado, mas as investigações levaram o goleiro Bruno Fernandes de Souza a ser indiciado e condenado por homicídio.
— Minha filha foi morta. As pessoas são inteligentes e acho que há provas disso. No caso de Eliza, Bruno também não abriu a boca, não contou onde o corpo estava, mas teve de pagar pelo crime, porque tinha mais gente que ajudou e teve de contar. No caso da minha filha também. Ele (o ex-marido) também não matou sozinho. Nada é impossível para Deus e acho que alguém pode falar, pode denunciar, para a gente poder ter justiça — disse a mãe.
O caso de Débora ainda está sendo tratado como desaparecimento pela Deam, responsável pelas investigações. Exatamente há dois anos, em 11 de julho de 2016, familiares de Débora dos Santos Moura estiveram na Deam pela primeira vez, notificando seu desaparecimento. Eles contaram que ela teria sido abordada pelo ex-marido, que estava em um Chevette bege, após deixar um dos filhos na creche, por volta das 8h. Desde então, a diarista não foi mais vista.
Débora estava separada havia 11 meses do suspeito, com quem viveu por três anos. O ex-marido, apontado pela polícia, na época, como chefe do tráfico de drogas da Penha e principal suspeito do desaparecimento, estava foragido até essa terça-feira.
Investigadores da Deam também acreditam que novas evidências possam surgir com a prisão do suspeito, apesar de a prisão dele, realizada pela Polícia Militar e pela 134ª Delegacia de Polícia (Centro), não estar relacionada ao desaparecimento de Débora. Até esta quarta, a Deam não tinha recebido nenhuma informação nova sobre o caso. Mas, assim como a família de Débora, a Deam pede a colaboração da população para a elucidação do caso. Informações podem ser passadas Disk Denúncia (2738-1309), com a garantia do anonimato.