Líder do Campeonato Estadual da Série B, dentro de campo o Americano tem navegado em águas tranquilas em 2018. Nunca, nestes últimos anos, houve tamanha expectativa otimista quanto ao retorno o clube à Série A. O time está fechado, imbuído dos objetivos, sob o comando firme do técnico Josué Teixeira. Fora das quatro linhas, entretanto, o Alvinegro enfrenta uma maré turbulenta com a falta de receitas para o futebol. O advogado Carlos Abreu, presidente do clube, tem feito malabarismos para gerir a crise, mas acredita que as dificuldades da travessia não irão além de 2018.
— Acredito que essa travessia difícil vai passar este ano. Estou apostando todas as minhas fichas em 2019, quando espero fechar essas negociações que estão em curso com empresas que serão nossos futuros patrocinadores. São projetos que resultaram de contatos que temos feito com empresas chinesas instaladas no porto do Açu, entre outras. Com a Petrobras, temos um projeto social que esperamos também viabilizar, na ordem de R$ 3,8 milhões, além de outros que envolvem a captação de recursos junto a outras empresas do Rio e São Paulo pela Lei de Incentivos ao Esporte — disse.
Abreu revela que o clube tem uma despesa que chega aos R$ 100 mil com o futebol, mas com uma receita que não chega à metade, a conta não fecha. Só com os jogadores, as despesas somam R$ 61 mil mensais na folha de pagamento, fora os encargos sociais. Com outros funcionários, chega a um total R$ 85 mil. A manutenção do centro de treinamentos custa em torno de R$ 22 mil. As receitas alvinegras incluem os recursos da Timemania (R$ 10 mil mensais), mais algumas empresas locais que são parceiras do clube, totalizando R$ 50 mil.
— Futebol é coisa de maluco. Agora mesmo, o time sub-17 está disputando uma partida pelo Estadual com o Roxinho lá em nosso CT. Veio um funcionário aqui pela manhã buscar o dinheiro: R$ 2 mil só com arbitragem, que não pode ser em cheque, só em dinheiro vivo, mais R$ 500 para o médico que trabalhou no jogo. Em qualquer jogo, o clube tem que montar uma logística que vai desde o contato com o local que imprime os ingressos, como enviar ofício a hospital, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal— explicou. As dívidas do alvinegro já somam R$ 500 mil, incluindo dívidas trabalhistas herdadas das gestões dos ex-presidentes César Gama e Luciano viana.
Abreu admite que a situação se agrava com a falta de um estádio — o clube manda seus jogos no Ângelo de Carvalho e espera que sua futura casa seja entregue em 2019.
Na pauta, antecipar as obras do estádio
Carlos Abreu revelou também que há tratativas em curso para a antecipação das obras de construção do futuro estádio
— Nomeamos uma comissão que tem à frente um grande alvinegro, o Dr. Paulo Cassiano Junior, que tem mantido reuniões com a Imbeg. As discussões têm evoluído para que a construtora antecipe a entrega do estádio para 2019 e, como contrapartida, possa retardar a construção da sede social. Além desta antecipação, a empresa também ficará com a responsabilidade da manutenção do CT. Vai buscar melhorar a qualidade da água que ali é muito ferruginosa, fazer a pintura, cuidar da grama, trocar lâmpadas — explicou.
— Pela minuta do contrato, a Construtora Imbeg tem até 2021 para concluir o estádio. Mas desde que não tivesse nenhum atraso burocrático para a liberação de órgãos governamentais. Acontece que o projeto ficou parado um ano e meio no Inea (Instituto Estadual do Meio Ambiente) à espera desta liberação — afirmou ainda o presidente alvinegro.
À espera de um aval em breve da Petrobras
Entre os projetos em curso, o Americano busca captar recursos também junto à Petrobras.
— Criamos um grupo de trabalho que elaborou este projeto, abrangendo o município e outras cidades da região, com um total de 16 núcleos, que envolve mais de 3 mil crianças e recursos da ordem de R$ 3,8 milhões. Se for viabilizado, vamos ficar tranquilos.
O dirigente enfatiza que o clube busca firmar-se uma instituição cidadã com o reforço de sua imagem ao abraçar projetos como o basquete de cadeirantes, que disputa competições nacionais, além do futebol feminino, que disputou uma final, neste fim de semana, nos Estados Unidos.
— O Americano disputou uma competição (Special Olympics) considerada os Jogos Olímpicos para pessoas com necessidades especiais, transmitida para milhões de pessoas em todo mundo, internacionalizando sua marca. Que as empresas locais atentem para este produto que é a marca Americano, que é mais valorizada fora de Campos.