Bélgica manda o Brasil de volta para casa
Aluysio Abreu Barbosa 06/07/2018 21:22 - Atualizado em 09/07/2018 13:34
“Que geração belga, que nada!”, bravateava quem, de quatro em quatro anos, se juga entendedor de futebol. O fato é que a Bélgica impôs o placar de 2 a 1 e eliminou o último representante da América do Sul na Copa da Rússia, cujas semifinais serão jogadas por quatro seleções europeias. Um pouco antes, a França já havia despachado o Uruguai, e agora vai encarar seus vizinhos belgas por uma vaga à disputa do título. Contra o Brasil, os Diabos Vermelhos da Europa jogaram um grande primeiro tempo, quando marcaram seus dois gols. O time de Tite diminui no segundo, quando jogou melhor e, sem sucesso, buscou se igualar no placar.
O primeiro gol foi contra. Aos 16’, Fernandinho tocou de cabeça a bola antes cabeceada pelo zagueiro Kompany, após cobrança de escanteio. O segundo saiu do grande nome do jogo: o clássico meia De Bruyne. Aos 30’, ele acertou um belo chute cruzado de fora da área, em contra-ataque puxado pelo atacante Lukaku, na inversão de funções entre armador e finalizador. O gol brasileiro sairia aos 29’ do segundo tempo. Também de cabeça, o meia Renato Augusto converteu um passe açucarado de Philippe Coutinho.
A Bélgica mexeu na sua linha de três zagueiros. E, diferente das oitavas contra o Japão, sua defesa nessa sexta-feira mostrou solidez. Mas, como antecipado na matéria da Folha que anunciou o jogo, o treinador espanhol Roberto Martínez escalou Fellaini como titular, para reforçar a pegada no meio de campo. Antigo titular, o ofensivo meia-direita Mertens não jogou. Em outra mudança tática também prevista, De Bruyne fez seu primeiro jogo nesta Copa mais perto do ataque, como atua no Manchester City. No vácuo do volante Casemiro, suspenso da partida pelo segundo cartão amarelo, o cerebral belga encontrou o espaço para ser regente e solista do primeiro tempo. Muito bem assessorado por Lukaku e pelo camisa 10 Eden Hazard, outro astro da Premier League, que estava em dia inspirado.
Os belgas voltaram ao segundo tempo com a placar de 2 a 0 embaixo do braço. Para correr atrás do prejuízo, o Brasil voltou a campo com o centroavante Firmino, no lugar do meia Willian. Na mesma intenção, aos 12’ Tite tirou o atacante Gabriel de Jesus — que saiu da Copa da Rússia sem marcar um gol — e colocou o meia Douglas Costa. Autor de várias jogadas pelo lado direito do ataque, ele provou mais uma vez que não poderia ser reserva. O gol brasileiro, no entanto, sairia de outra mudança do treinador: Renato Augusto entrou no lugar de Paulinho aos 27’. E diminuiu a diferença no placar dois minutos depois.
Muito bem no primeiro tempo, a Bélgica atuou pelo resultado no segundo. E cedeu a iniciativa do jogo ao Brasil, tentando explorar os contra-ataques. Com muitos erros coletivos no passe e sem o brilho individual da estrela Neymar, ainda assim a Seleção teve duas boas oportunidades para empatar. A primeira foi novamente de Renato Augusto, que penetrou pela área aos 35’, em outro belo passe de Coutinho, mas chutou à esquerda do gol. Aos 48’, o goleiro Courtois faria uma bela defesa, de mão trocada. A bola foi batida com a chapa do pé, de fora da área, por Neymar.
Depois de decepcionar na Copa de 2014 e na Eurocopa de 2016, a Bélgica estreou na Rússia com as melhores atuações da fase de grupos. Tomou um susto danado nas oitavas, quando chegou a perder de 2 a 0 do Japão. Mas, diferente do Brasil, teve força para buscar a virada e sair de campo com a vitória, sem prorrogação ou disputa de pênaltis. E nessa sexta, com o triunfo merecido sobre Neymar e companhia, conferiu mais peso à sua camisa vermelha, ainda sem nenhuma das cinco estrelas da blusa amarela.
Depois do jogo, o zagueiro Miranda, que travou um duelo à parte com Lukaku, e o técnico Tite reconheceram que o Brasil perdeu para um grande time. Por parte da torcida, os recalcados com a derrota dessa sexta-feira, que em quatro anos não aprenderam nada com o 7 a 1 de 2014, certamente dirão se a Bélgica for derrotada pela França, na semifinal da próxima terça (07): “Tá vendo? Perdemos para ninguém!”. Se acontecer, é do jogo, como foi nessa sexta-feira com o Brasil.
Para quem gosta mais de futebol do que de nacionalidades, ficam as palavras de Tite na coletiva sobre a partida: “quem aprecia o bom futebol vai ver que esse jogo foi um espetáculo”. O Brasil tentou, mas em seu primeiro teste de fogo na Copa da Rússia, a esperança pelo Hexa se apagou diante dos Diabos Vermelhos de De Bruyne, Lukaku e Hazard. Na bola!

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