O Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam) está sendo reinventado. O programa foi criado para fomentar a economia local, com incentivos a partir dos royalties do petróleo, seduzindo empresas de fora para se instalarem aqui. Em gestões anteriores, financiou grandes projetos, que não foram bem administrados, fecharam as portas e o prejuízo foi instalado, resultando em uma inadimplência superior a R$ 402 milhões. Do ano passado para cá, a Prefeitura decidiu cobrar na Justiça, com juros e correção, o dinheiro emprestado. Já foram recuperados cerca de R$ 2 milhões. Só que agora, a estratégia mudou e o incentivo é para que as micro e pequenas empresas se estabeleçam em Campos. A mudança tem dado certo. Hoje, segundo a Prefeitura, 1.200 empresas aderiram ao programa e R$ 500 mil já foram financiados.

O programa agora oferece quatro linhas de financiamento: Fundecam Empreendedor, Fundecam Agricultura Familiar, Fundecam Economia Solidária e Fundecam Inovação. O Fundecam Empreendedor já fechou mais de 200 contratos, totalizando meio milhão de reais em concessão de financiamento para microempreendedores, mantendo mais de 320 postos de trabalho.

Com os recursos recuperados, a superintendência do Fundecam já conseguiu emprestar, através do Crédito Certo, cerca de R$ 800 mil desde o início do governo do prefeito Rafael Diniz (PPS). “Temos apostado no empreendedorismo e na tríplice hélice (governo, universidades e empresas). Diante disso, estamos trabalhando com parcerias, disponibilizando não só créditos, mas também orientação e acompanhamento”, disse o superintendente do Fundecam, Rodrigo Lira.

Rodrigo esclarece ainda que são mais de 50 empresas devedoras e que hoje estão na dívida ativa. Entre as conquistas estão a recuperação de recursos e o avanço de processos, como o que a Prefeitura move contra a antiga fábrica de suco Bela Joana.

— O Executivo conseguiu que o grupo que assumiu o empreendimento cumpra uma “sucessão de dívida” no valor de R$ 5 milhões, sob ameaça de penhora de imóvel. Outro fato em destaque encontrado durante a auditoria foi a duplicidade de contratos. Uma mesma empresa (Canabrava) pegou dinheiro nos governos de Arnaldo Vianna e Rosinha Garotinho e não honrou com os compromissos e ainda não conseguimos recuperar o dinheiro — disse Rodrigo.

As possíveis irregularidades cometidas em governos anteriores na disponibilização de empréstimos fizeram com que o vereador Jorginho Virgílio (PRP) solicitasse a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Jorginho esteve reunido com o superintendente Rodrigo Lira, que apresentou um relatório do que o Fundecam tem feito para recuperar o dinheiro que foi emprestado aleatoriamente. Mas para que tudo seja feito de forma transparente, o vereador já solicitou à presidência da Câmara uma audiência pública para tratar sobre o tema.

— Pelo relatório entregue pelo Rodrigo Lira já dá para perceber que muita coisa errada aconteceu nesses anos. Temos que saber, por exemplo, como o Grupo Canabrava conseguiu um empréstimo de R$ 10 milhões no governo Arnaldo Vianna, não pagou e ainda conseguiu mais R$ 6 milhões na gestão da ex-prefeita Rosinha Garotinho. São absurdos que precisamos esclarecer e tenho certeza que a nossa audiência pública e posterior CPI vão auxiliar a Justiça — finalizou.