Vozes em cores pretas
Jhonattan Reis 23/07/2018 19:20 - Atualizado em 26/07/2018 13:39
Divulgação
“‘Cores Pretas’ nasce do coração, atravessa a pele e transborda inenarráveis sentimentos”. As palavras são da jornalista Stella Tó Freitas, que lançará, nesta quarta-feira (25), Dia da Mulher Negra, em Campos, o documentário “Cores Pretas”. A obra, dirigida por Stella, trata do empoderamento de mulheres negras. O lançamento está marcado para as 19h, no Museu Histórico de Campos, no Centro. A entrada é gratuita, mas a organização pede ao público que leve pacotes de absorvente, que serão doados a um projeto social.
— A ideia deste documentário é dar voz a essas mulheres, para elas contarem suas vidas, suas vivências, suas trajetórias de enfrentamento diário ao racismo. E isso porque racismo é algo que as mulheres negras enfrentam não somente em um ou outro período da vida. Não existe uma parte da vida em que não exista racismo. O documentário vem contando as trajetórias dessas mulheres em ordem cronológica, com relatos de fatos de quando elas eram crianças até a fase adulta. E, apesar de serem histórias diferentes, há muitos pontos em comum, porque a crueldade que chega para essas mulheres é a mesma — explicou Stella, que descreveu o filme como o projeto mais desafiador, inspirador e emocionante de seus 11 anos de carreira jornalística.
Jornalista Stella Freitas
Jornalista Stella Freitas / Foto - Isaías Fernandes
De acordo com a diretora, são cinco entrevistadas: a jornalista Daniela Abreu; a cientista social e cantora Simone Pedro; a atriz Lucia Talabi; a engenheira civil Kamilla Albino; e a ativista e membro do Nação Basquete de Rua, Tamillys Lírio.
Stella falou sobre a importância de lançar um filme sobre empoderamento de mulheres negras justamente no Dia da Mulher Negra.
— É importante falar sobre isso, sendo que esta data não é uma comemoração. É (mais) um dia para lembrar o quão importante é a gente abordar o tema e mostrar que a mulher negra não está parada, que ela não está aceitando calada o racismo. E é muito relevante dar visibilidade a essas mulheres, porque vejo muita gente falando, não sei como, que racismo “não é tão assim”, que é “mimimi”, que “não sei por que as mulheres fazem isso”, que é “chamar atenção”. Racismo simplesmente existe e marca negativamente a vida de muitas pessoas. Infelizmente, quanto mais melanina, mais racismo há.
O material gravado com as cinco entrevistadas teve mais de cinco horas de duração. “Foi um ótimo desafio transformar essas mais de cinco horas em cerca de 20 minutos, duração do documentário”, conta Stella.
— Foram histórias incríveis. Decupei várias vezes e as frases já ficavam desenhadas na minha cabeça. Já estava muito familiarizada com as entrevistas neste fim de processo. E foi uma experiência incrível entrevistar essas mulheres, ouvir o que elas sentem. O racismo, eu já sabia como chegava, porque tenho uma avó, que é negra retinta, tenho uma irmã, idem e etc. Mas eu queria que outras pessoas soubessem disso também, que entendessem o quanto isso é transformador, de uma forma ruim, e que nenhuma mulher deveria passar por essa questão — comentou ela, lembrando que todo o processo de elaboração, gravação e finalização demorou cerca de um ano e cinco meses.
Dia da Mulher Negra — A data é comemorada no Brasil desde 2014, tendo sido instituída pelo governo do Brasil pela Lei nº 12.987/14. Foi inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, celebrada em 31 de julho desde 1992.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS