O Brasil mudou de perfil nos últimos anos. A população envelheceu rapidamente, e o país, que tinha maior número de jovens do que de outras faixas etárias, começa a registrar uma média mais elevada. Em 2000, a média de idade que contava com maior número de habitantes era de 10 a 14 anos para homens (4,6%) e de 20 a 24 para mulheres (4,5%). Em 2018, a realidade mudou, com diferença de uma a duas décadas: de 30 a 34 anos, tanto para homens (4,16%) quanto para mulheres (4,15%). E a população precisa se atentar para ter uma velhice mais saudável, alerta a geriatra Deborah Casarsa.
— É necessário cuidar tanto da parte física quanto da mental. Na parte mental, é importante ter cuidados em relação a várias coisas, como a estabilidade do humor, a ansiedade e a memória, que melhoram a autonomia e a independência. E, como disse, é importante fazer exercícios físicos, sendo que, para os idosos, os que mais indico são pilates e hidroterapia — disse.
Casarsa explicou que geriatria é uma especialidade médica que não cuida somente de idosos, mas de todo processo do envelhecimento. Ela alertou que é preciso que os mais jovens se cuidem para ter uma vida melhor no futuro.
— Os jovens precisam cuidar bastante da alimentação e do corpo para envelhecer com saúde. É muito importante que seja feito exercício físico na medida certa. Também é relevante investir em lazer, estar em ambientes com pessoas que tenham boas energias, alimentar-se com pratos coloridos, ingerir vitaminas de forma natural, evitar os excessos, dentre várias outras práticas. O impacto na qualidade de vida que teremos no futuro está diretamente ligado aos hábitos de vida que temos agora. Então, manter uma rotina saudável fará muita diferença no seu envelhecimento.
A geriatra ressaltou que tanto os idosos quanto os jovens precisam tomar cuidados em relação à saúde. Estes cuidados envolvem a mente e o corpo, mas há uma diferença na forma de se cuidar, explica ela.
— Uma das diferenças é em relação ao consumo de água. É necessário que todos tomem de dois a três litros por dia. Porém, o idoso deve sempre dar mais atenção a esse ponto, porque ele já é, por si só, um desidratado crônico. É preciso ter cuidado, pois desidratação causa risco de vida, alterações de comportamento e queda do estado geral — alertou.
Ainda para Deborah Casarsa, a população brasileira está despreparada para a mudança na pirâmide etária.
— Nosso país não tem estrutura. As calçadas esburacadas levam nossos idosos a fraturas; a saúde pública e privada descartam protocolos que deviam ser seguidos; filhos se interessam pelas questões financeiras dos pais e não em protegê-los. Estamos num país que precisa de grandes gestores, com visão ampla e urgente — comentou ela.
Casarsa alertou, também, os jovens:
— O envelhecimento é hoje, não pode ser um plano. Todos os dias podemos fazer mais por nós mesmos. A gente faz diversos planos sobre o que fazer quando mudar de emprego ou se aposentar, mas é preciso parar para pensar em “como quero envelhecer?”. Recomendo que as pessoas listem o que, de verdade, é prazeroso para elas; se hidratem; fortaleçam a musculatura do quadril, pois isso é importante para a velhice; se vacinem, principalmente para pneumonia; e se preocupem sempre com qualidade de vida. (J.H.R.)