Jhonattan Reis
16/07/2018 18:44 - Atualizado em 19/07/2018 13:55
O Dia Nacional do Trovador é nesta quarta-feira, 18 de julho, e a data será marcada em Campos pelo lançamento do livro “A Arte de Dizer — Campos de Seus Trovadores Contemporâneos”. O evento será realizado a partir das 19h, na sede da Academia Campista de Letras (ACL), localizada no Jardim São Benedito, no Centro. A atividade, promovida pela União Brasileira de Trovadores (UBT) seção Campos, tem entrada gratuita.
A obra que será lançada é uma coletânea que conta com 300 trovas de 20 trovadores, todos campistas ou residentes em Campos. Quem assina a organização do livro é a presidente da UBT seção Campos, Talita Batista.
Segundo Talita, “A Arte de Dizer — Campos de Seus Trovadores Contemporâneos” foi inspirado em “Meus Irmãos, os Trovadores”, uma coletânea de mais de duas mil trovas de 600 autores brasileiros, publicada por Luiz Otávio, pseudônimo de Gilson de Castro, em 1956.
Luiz Otávio foi o homem que revolucionou o mundo poético brasileiro, na década de 50, ao disseminar a trova, gênero que andava esquecido no país. De acordo com o site Falando de Trova, Gilson — que era um grande cirurgião-dentista nascido no Rio de Janeiro — criou, à época, um movimento para estudar, cultivar e divulgar as trovas e os trovadores.
E o dia 18 de julho foi justamente escolhido para celebrar, em todo o território nacional, o Dia do Trovador como uma homenagem a Luiz Otávio, que é presidente perpétuo da União Brasileira de Trovadores, fundada por ele em 1966. Gilson nasceu no dia 18 de julho de 1916.
A exemplo de “Meus Irmãos, os Trovadores”, que foi um marco histórico no Brasil, Talita Batista pretende que o livro, que será lançado quarta-feira, na ACL, seja importante para a história de Campos.
— O nosso objetivo é que a obra tenha um grande significado para a nossa cidade e região, no sentido de registrar o momento atual do movimento da trova em Campos. Além disso, também tem serventia a nível educacional, pois, daqui a alguns anos, se houver outra coletânea, a gente poderá fazer estudos para comparar a evolução da nossa trova, por exemplo — disse ela, lembrando que o livro está sendo lançado de forma independente.
As trovas são composições poéticas concisas, podendo ser descrita como um micro-poema — na verdade, o menor da língua portuguesa —, devendo obedecer a características rígidas. Talita explicou que o texto é composto por quatro versos, devendo cada uma deles ter sete sílabas poéticas.
— Além disso, o primeiro verso precisa rimar com o terceiro, enquanto o segundo verso rima com o quatro. E este tipo de poesia tem que ter sentido completo. Neste aspecto, a gente acaba treinando o raciocínio sintético, pois temos que sintetizar um raciocínio nessas sílabas poéticas — falou.
Em Campos, também segundo Talita Batista, a trova se mantém viva em eventos organizados pela UBT seção Campos, que não tem sede própria e se reúne mensalmente na sede da secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico e de Turismo, localizada rua Salvador Correa, 21, na área central da cidade.
— Nós, da UBT, fazemos algumas intervenções para incentivar a trova na cidade. Este ano, por exemplo, estivemos num evento voltado para a doação de sangue, que foi realizado pelo Rotary. Nele, tivemos varais com várias trovas, com o tema “doação de sangue”. Também estivemos presentes no Samba na Praça (que acontece no Jardim do Liceu), e na primeira edição do Jardim in Concert, que ocorreu, em maio, na praça em frente ao Jardim São Benedito.
Ela ainda contou que a UBT seção Campos, por meio de seus 15 associados e dezenas de amigos, também ministra oficinas de trovas.
— Elas acontecem na Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com o programa Universidade da Terceira Idade, a Unit. Apesar do nome, podem se inscrever pessoas de qualquer idade. Quem estiver interessado pode procurar a Unit, no começo de agosto, e fazer a inscrição. Também não há limite de escolaridade. Trovas são muitos importantes porque são um excelente instrumento para memorização, seja para os idosos ou pessoas de qualquer outra faixa etária — disse ela, que comentou que quem quiser conhecer a UBT seção Campos pode comparecer à próxima reunião, que acontece no dia 15 de agosto.
Talita falou, também, sobre a importância de se celebrar a trova, que chegou ao Brasil através dos portugueses e hoje é o único gênero literário exclusivo da língua portuguesa.
— É uma cultura muito importante, e ela é um instrumento valioso de iniciação da literatura, pois você trabalha a questão do pensamento sintético, da rima, da metrificação, do sentido completo, do achado poético. Trovadores são grandes poetas e fazem uma arte muito bonita. Como costumamos dizer, todos os trovadores são poetas, mas nem todo poeta é um trovador.