Crítica de cinema - A reconstrução da família
*Felipe Fernandes 13/07/2018 18:15 - Atualizado em 17/07/2018 14:39
(Homem-formiga e a Vespa) -
Os filmes do Homem-Formiga têm posição estratégica dentro dos infindáveis lançamentos da Marvel. Os dois longas saem imediatamente em seguida aos últimos filmes dos Vingadores e têm por característica ser uma aventura descompromissada, de tom e pretensão mais leves. Se o primeiro longa se tratava de um filme de assalto, o retorno do personagem em aventura solo traz uma carga emocional mais pesada e, apesar de não ter nenhuma ligação imediata com os outros longas do universo compartilhada, traz opções que serão muito relevantes para o futuro dos Vingadores.
Após os acontecimentos de Guerra Civil, Scott Lang (Paul Rudd) cumpre prisão domiciliar, assumindo de vez suas responsabilidades como pai. Após um estranho sonho, ele é resgatado por Hope (Evangeline Lily) e Hank Pym (Michael Douglas) e, juntos, vão construir uma máquina que permita a eles retornar ao reino quântico para resgatar Janet (Michelle Pfeiffer), que está perdida há mais de 30 anos.
Apesar da importância histórica nos quadrinhos (ambos são membros fundadores dos Vingadores), a verdade é que os dois protagonistas do filme sempre foram personagens de segundo escalão, e essa situação segue no universo cinematográfico. São os filmes mais despretensiosos da Marvel, característica que traz uma leveza e humor só encontrados nos filmes do Homem-Aranha. Entretanto, diferente do herói adolescente, Lang é pai e tem responsabilidades, mesmo que seu jeito de ser denote um homem, no mínimo, imaturo. Essa ligação com a filha adolescente e até mesmo a ligação de Hope e Pym fazem desses os longas mais “família” da Marvel.
Mateusinho
Mateusinho / Divulgação
Escrito pelo protagonista Paul Rudd e por mais quatro roteiristas (tanta gente envolvida geralmente é um mau sinal), “Homem-Formiga e a Vespa” traz uma trama mais densa. O resgate da Vespa, original por si só, permite uma jornada mais intensa, e o roteiro deveria focar mais nessa parte. A trama da vilã Fantasma é totalmente desnecessária. Traz os momentos mais expositivos e descartáveis do filme e, mesmo que ela tenha uma motivação clara (que tira até o peso dela como vilã), não justifica sua problemática participação, sendo sua única função promover momentos de ação. Por falar em exposição, o longa se preocupa demais em tentar explicar o funcionamento da máquina e de como eles vão adentrar o reino quântico. É claro que a explicação se faz necessária, mas o filme perde ritmo e tempo buscando explicações complexas que não fazem sentido em diversos momentos.
Apesar da carga dramática, as melhores características do filme ainda são o humor, o elenco de coadjuvantes (em especial a interpretação de Michael Peña) e a relação entre os personagens. A química entre o trio principal é um fator preponderante para o funcionamento desse aspecto “família” da produção. A reconstrução da família, seja da Lang ou da Pym, é o tema central.
A entrada da Vespa como personagem e o contraste de estilos entre ela e o Homem-Formiga criam uma dinâmica muito interessante. Enquanto ela é mais eficiente e implacável, ele atua mais no improviso. Essas características permitem cenas mais criativas, principalmente na questão da utilização da miniaturização e do crescimento de pessoas e objetos.
Maior em escala e mais ousado que o original, “Homem-Formiga e a Vespa” é uma aventura leve, divertida, com bons momentos de humor. Um filme agradável, mas pequeno dentro do vasto universo cinematográfico da Marvel. É importante ao expandir o conceito do reino quântico, mas acaba funcionando mesmo como descontração pós- “Guerra Infinita”.

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