Crítica de cinema - O casamento da formiga com a vespa
09/07/2018 18:38 - Atualizado em 12/07/2018 14:51
Divulgação
(Homem-Formiga e a Vespa) -
Antes de assistir a “Homem-Formiga e a Vespa”, revi “A mulher vespa”, filme B de 1960 dirigido por Roger Corman. Procurei me inteirar também sobre a vida da Vespa de Stan Lee. Indaguei-me se o filme de Corman teria influenciado Lee na criação da sua Vespa. Há um ponto em comum entre os dois insetos femininos: a vespa de Corman é uma rica empresária, dona de uma fábrica de cosméticos. A vespa de Lee começa sua vida nos quadrinhos em 1963 como estilista conceituada, além de heroína.
Talvez não exista relação direta entre as duas, mas cabe ir adiante. A vespa de Corman contrata um cientista que lhe promete juventude eterna ou longeva com injeções de um produto fabricado com geleia real, produzido por vespas rainhas. No afã de se tornar jovem rapidamente, ela abusa das doses e se transforma numa vespa assassina. Corman reflete o clima com relação à ciência nos anos de 1950. Os efeitos das duas bombas atômicas lançadas no Japão pelos Estados Unidos ainda estavam vivos. Havia muitos receios com relação à ciência pelo que se pode depreender da literatura e do cinema.
Cinema
Cinema
Já Stan Lee começa a se projetar na década de 1960, quando a consciência da Guerra Fria se consolida. A ciência volta a ser importante para a defesa dos Estados Unidos, que se diz guardião do mundo livre, contra a União Soviética. Trabalhando na Marvel, Lee cria com genialidade uma nova cepa de super-heróis. Eles nascem de experiências científicas muitas vezes malsucedidas para o cientista, mas com resultados benéficos para a humanidade. Geralmente são heróis bem-humorados, desastrados e divertidos.
Nesse contexto, a Vespa teve importância fundamental. Foi ela que batizou “Os Vingadores” e participou do grupo. No cinema, ela foi negligenciada depois de muitos filmes da Marvel. Agora, ela ganha destaque merecido no segundo filme dedicado ao Homem-Formiga, com direção de Peyton Reed e roteiro de Andrew Barrer, Gabriel Ferrari, Chris McKenna, Erik Sommers e Paul Rudd. Com tantas mãos assinando um roteiro, o pirão podia desandar, mas deu certo. O centro dele está no Homem-Formiga (Paul Rudd), na Vespa (Evangeline Lilly), no Dr. Hank Pym (Michael Douglas) e em Janet van Dyne (Michelle Pfeiffer).
Há dois grupos interessados nas experiências do Dr. Pym. O grupo do mal é liderado pelo arquivilão representado por Walton Goggins. O outro, do bem, é representado pelo veterano Laurence Fishburne, cientista que tenta salvar a Fantasma (Hannah John-Kamen) da morte por dissolução atômica. O diretor sustenta que o filme não é uma comédia romântica. Concordo. Trata-se de um filme de aventura que mistura ficção científica com comédia. No contexto do filme, a participação de Luis (Michael Peña) acentua o caráter cômico e divertido. Mas todo o elenco, sustentado pelos experimentados Douglas, Pfeiffer e Fishburne, brinca bastante em termos de tiradas e de ações. De certa forma, todos são desastrados.
Cabe observar também que, ao contrário da política racial branca de Trump, o elenco do filme é constituído por brancos europeus, mestiços hispano-americanos, orientais e negros. Quanto à produção, muitas são as empresas envolvidas; muitos são os créditos relacionados a efeitos especiais.
A direção conta pouco para o possível sucesso de bilheteria de uma caríssima produção. Os efeitos especiais fazem o filme. O roteiro garante diversão, juntamente com a atuação dos personagens. Vale conferir.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS