Aldir Sales
20/06/2018 22:17 - Atualizado em 22/06/2018 15:22
De volta das férias, o juiz Ralph Manhães, tabelar da 98ª Zona Eleitoral de Campos, desfez a decisão do seu substituto, Rubens Soares Vianna Junior, que deixou em aberto a possibilidade para que o casal Anthony (PRP) e Rosinha Garotinho (Patri) fosse novamente interrogado no âmbito da operação Caixa d’Água. Com a nova determinação, Manhães manteve nos autos a audiência no último dia 4 de junho, quando o casal preferiu ficar em silêncio. Na ocasião, o advogado dos ex-governadores, Carlos Azeredo, não compareceu ao Fórum de Campos, alegando uma cirurgia de catarata, o que foi considerado por Ralph como “mais uma atitude protelatória”.
Na decisão de Rubens Soares, o juiz destaca que “não se vislumbra prejuízo para tais denunciados (casal Garotinho) que, a seguir, com o retorno das atividades de seu patrono (Carlos Azeredo) deverão indicar, através deste, em 72 horas após o término da licença, se estes pretendem ser novamente interrogados com sua assistência ou se manterão o direito de permanecer em silêncio, como fizeram no último ato”.
No entanto, nesta quarta-feira, Ralph Manhães afirmou que “tendo em vista as decisões anteriores deste magistrado, confirmadas pelo TRE, em que ficou clara a utilização indevida da cirurgia eletiva do patrono (advogado) dos dois primeiros réus (casal Garotinho) para procrastinar este feito e considerando-se que o interrogatório ocorreu com a nomeação de dois advogados dativos, ante a conduta de retardar a marcha deste processo por parte daquele causídico, o que, aliás, vem se repetindo à exaustão neste caso, revogo o despacho de 7 de junho, do juiz que substituiu este signatário, ficando, portanto, mantido os interrogatórios já realizados”.
Antes do início do interrogatório no início do mês, os ex-governadores apresentaram uma petição, pedindo adiamento em razão da cirurgia do advogado. O juiz negou, destacando que o procedimento teria sido marcado na semana anterior e lembrou que, na audiência anterior — de 18 de abril —, o advogado também não compareceu, afirmando estar internado. Na oitiva das testemunhas de defesa de Garotinho, pela qual eles foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que fosse deferidas, o advogado só chegou após o término, “demonstrando o caráter procrastinatório e o desinteresse por estas testemunhas”, segundo o juiz. Ralph também havia nomeado dois advogados dativos, Paulo Barbosa Xavier e Roberto Almeida dos Santos.
Além do casal Garotinho, também são réus no processo o ex-secretário de Controle de Campos Suledil Bernardino, o ex-subsecretário de Governo Thiago Godoy, o empresário Ney Flores Braga e o policial civil aposentado Antônio Carlos Ribeiro da Silva, conhecido como Toninho, além do ex-presidente nacional do PR, Antônio Carlos Rodrigues, e seu genro, Fabiano Alonso. Todos são acusados de integrarem uma organização criminosa que intimidava e extorquia empresários, com o objetivo de obter recursos de empresas contratadas pela Prefeitura de Campos durante a gestão Rosinha.