O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) depôs nesta segunda-feira no fórum da Justiça Federal em São Paulo como testemunha de defesa do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo que investiga a propriedade do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. FHC foi ouvido por vídeoconferência pelo juiz Sérgio Moro no processo que corre no âmbito da Operação Lava Jato. A audiência estava marcada para ocorrer há duas semanas, mas foi adiada devido à greve dos caminhoneiros. O depoimento durou cerca de meia hora.
Ao ser questionado pela defesa de Lula, Fernando Henrique reafirmou declaração de depoimento anterior em que disse que o presidente da República não tem condições de saber de tudo: “Existe degraus de distância de responsabilidade. O presidente é responsável por quem nomeou. Depois lá dentro você não tem nem tempo de saber, agora no Brasil as pessoas pensam que o presidente pode tudo e saber de tudo”.
No depoimento, entre outras questões, o ex-presidente falou da escolha dos conselheiros e diretores da Petrobras à época. “Eu procurei trazer para o conselho da Petrobras, pessoas representativas do mundo civil. Pessoas que eram influentes”, comentou, acrescentando que não se recordava completamente dos nomes.
Durante o depoimento houve uma discussão entre o juiz Sérgio Moro e o advogado de Lula, Cristiano Zanin, quando Moro citou uma suposta citação da defesa de Lula sobre reforma de propriedade de Fernando Henrique e valores que teria recebido por fora: “Não estou dizendo que a defesa afirmou isto, estou dizendo que tem um contexto, então vamos perguntar isso nesse contexto”, disse Moro.
Zanin contestou: “Que Vossa Excelência colocou como sendo uma palavra da defesa”. “Não coloquei dessa forma, doutor”, retrucou Moro. (A.N.)