Uma reportagem do jornal O Globo revelou, nessa quarta-feira (6), que a Polícia Federal encontrou e-mails no computador do empresário Marcelo Odebrecht que comprovariam que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pediu doações durante as eleições de 2010. Também nessa quarta, a Polícia Federal pediu a quebra do sigilo telefônico do presidente Michel Temer (MDB) e dos ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, de Minas e Energias, dentro de inquérito que investiga suposto pagamento de propina da Odebrecht na secretaria de Aviação Civil quando a pasta era comandada pelo MDB em 2014. Outra figura polêmica, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teve pedido de suspeição feito pelo Ministério Público Federal (MPF) em ações da Lava Jato no Rio de Janeiro.

De acordo com o jornal carioca, o laudo da Polícia Federal sobre o tucano foi anexado ao processo que investiga o ex-presidente Lula pelo recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht na forma da aquisição de um terreno que serviria de sede para o Instituto Lula.

Em uma das mensagens, FHC disse: “O candidato ao senado pelo PSDB, Antero Paes de Barros (do Mato Grosso), ainda está em segundo lugar, porém a pressão do governismo, ancorada em muitos recursos, está fortíssima. Seria possível ajudá-lo?”. Em nova mensagem, Odebrecht aparece respondendo que o apoio a Antero teria sido atendido. “Fique tranquilo (no que depender de nós). Depois aproveito, e lhe dou o feedback dos demais apoios e reforços que fizemos na linha do que conversamos”, disse.

A reportagem relata, ainda, que FHC enviou outro e-mail com o assunto “o de sempre” para Marcelo e para Benjamin Steinbruch, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Na mensagem, o ex-presidente pede “atenção” para as candidaturas de Antero Paes de Barros e de Flexa Ribeiro, do Pará.

Após a eleição, em dezembro de 2010, Marcelo Odebrecht aparece recebendo outro e-mail do então presidente da Odebrecht Defesa e Tecnologia com o assunto “iFHC”, que seria uma referência ao Instituto Fernando Henrique Cardoso e com uma contribuição de R$ 1,8 milhão em 24 meses que, segundo o e-mail, teria sido acertado em um encontro de empresários no Instituto.

Em nota, FHC afirmou que “pode ter pedido” doações, mas que elas eram lícitas. (A.N.)