Arnaldo Neto
02/06/2018 15:01 - Atualizado em 04/06/2018 18:31
A população de São João da Barra vai voltar a ter transporte municipal convencional. Serviço essencial suspenso há um ano, desde 1º de junho de 2017, já tem data e hora de licitação marcada: 15 de junho, às 15h. O aviso para pregão presencial foi publicado na última quinta-feira no Diário Oficial e as empresas interessadas deverão apresentar as propostas, com requerimento pregoeiro. O município vive problemas no transporte municipal desde 2015. Implantado efetivamente na gestão do ex-prefeito José Amaro Martins de Souza, o Neco (PMDB), o serviço passou por descumprimento contratual e troca de empresa. Já no atual governo, tendo à frente a prefeita Carla Machado (PP), ônibus voltaram a circular, mas o atendimento não foi efetivo, sequer, no primeiro semestre da administração, quando a empresa Sanjoanense Campostur abandonou o serviço.
A Campostur foi a primeira a assumir as linhas municipais, com início da circulação em 24 de agosto de 2013. De acordo com a proposta inicial, a empresa teria 15 ônibus circulando pelas oito linhas e dois de reserva, sendo que a média dos coletivos deveria ficar com cinco anos de uso. A logomarca do município foi usada para facilitar a visualização dos usuários que identificavam os ônibus também pelo adesivo do valor da tarifa, no valor de R$ 0,90.
O clima festivo da circulação dos novos ônibus não durou muito tempo. Três dias após o início do serviço convencional, a empresa foi notificada pela Prefeitura em função da falta de cumprimento dos horários e itinerários. Já naquela época, a ameaça era de não repassar o subsídio da municipalidade para completar o valor da tarifa: o usuário pagava R$ 0,90 e a administração pública completava o restante, até chegar ao valor cheio de aproximadamente R$ 2,85.
O desgaste entre a Prefeitura e a empresa, com acusações de ambas as partes, foi tamanho que em novembro de 2015 Neco anunciou em um programo de rádio que a Campostur não era mais a responsável pelas linhas do transporte municipal. O serviço passou no dia seguinte para a LKL, de forma emergencial, com a passagem gratuita. A empresa atuaria, nos planos do ex-prefeito, inicialmente com seis coletivos, podendo chegar a oito. Em resposta, a Campostur acionou a Justiça.
Na sequencia dos fatos a LKL também deixou a desejar no serviço do transporte municipal, alegando que não recebia o valor do contrato e o serviço passou por diversas paralisações. Para a população sanjoanense, a situação era de incerteza. “Lembro que nessa época a gente ia para o ponto de ônibus e não sabia quando se iria passar algum. Na verdade, com nenhuma das empresas o serviço foi bom. Era um problema constante”, afirmou Angélica Paes, moradora da praia de Grussaí. (A.N.A.)
Falta do transporte entre distritos atinge comércio
Conforme chegou a ser divulgado pela gestão passada em São João da Barra, e era perceptível a quem andasse pela área central da cidade, o comércio da Sede do município foi o maior beneficiado com o início do transporte municipal, interligando os seis distritos. Foi também o que mais amargou queda com a suspensão do serviço.
Segundo Rene Fernandes de Azeredo, proprietário de uma casa lotérica na sede do município, quando a passagem custava R$ 0,90 ou era gratuita, o movimento era muito maior:
— As pessoas aproveitavam que tinham de vir à sede do município e tinha oferta de horário de ônibus para circular pelo comércio e eventualmente, claro, fazer suas compras. Isso aumentava a circulação de recursos. Hoje nós sabemos que para os moradores, principalmente do 5º distrito, é mais fácil ir a Campos do que chegar até aqui.
Enquanto a administração não retoma o serviço de transporte intermunicipal, os munícipes são atendidos pelo transporte alternativo. Para a ligação entre a sede e os distritos de Atafona e Grussaí, a oferta de veículos é maior, com serviço ofertado por uma cooperativa, ainda pendente de regularização municipal. Para o 5º distrito também tem transporte alternativo, mas a oferta é muito menor e também pendente de regularização.
Justiça garantiu volta da Campostur no ano passado
A Campostur pleiteou na Justiça e obteve uma liminar para voltar a circular nas linhas municipais em janeiro de 2017. Desta vez, já no governo Carla Machado, a municipalidade não subsidiava a passagem, paga pelo usuário, no valor cheio de R$ 2,85. Ainda assim, eram constantes as reclamações por falta de cumprimento de horário.
Logo após a empresa comunicar à Prefeitura que deixaria o serviço, a administração emitiu nota informando que estaria em diálogo com o Ministério Público para normalizar o serviço. Desde então, o tema foi recorrente na Câmara dos Vereadores, além de matérias em veículos de comunicação. Em todas as oportunidades a Prefeitura informava, em suma, que o edital, agora publicado, estava em fase de análise,
A Folha tentou contato com o secretário de Transportes de São João da Barra, Victor Aquino, para saber mais detalhes sobre a retomada do serviço, mas não obteve êxito até o fechamento desta edição.