Mulher espancada até a morte em área de conflito de Guarus
Verônica Nascimento e Victor de Azevedo 20/06/2018 10:30 - Atualizado em 21/06/2018 15:12
Mulher morta dentro de casa em Guarus
Mulher morta dentro de casa em Guarus / Paulo Pinheiro
Mais um homicídio foi registrado em Campos, na manhã desta quarta-feira (20). O crime aconteceu no conjunto habitacional do Novo Eldorado, divisa com o Santa Rosa. Desta vez, a vítima foi uma mulher, de 50 anos, identificada como Carmem Ângela Mahon. Ela foi espancada até a morte em sua casa, na rua 1. Carmem não teria ligação com o tráfico de drogas, cuja disputa por território tornou o local conhecido como Faixa de Gaza, hoje comparado com a Síria. O corpo foi achado por volta das 10h pela família, que, desde a noite de segunda (18), não conseguia contato com a vítima. O suspeito do assassinato, que é vizinho da vítima, foi preso em flagrante após se apresentar na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus). Segundo o delegado titular da 146ª, Luis Maurício Armond, a motivação do crime seria uma dívida do suspeito com a vítima, referente a um jogo de futebol online que era promovido por ela. 
“Foram obtidas informações com vizinhos que a vítima fazia jogo ilegal de apostas e que o suspeito do crime teria uma dívida com ela. Nessas diligências chegamos aos familiares do suspeito e fizeram contato com ele, que deu desculpas evasivas com relação ao que teria ocorrido. Marcou um encontro próximo ao supermercado, mas houve uma mudança e ele se apresentou e foi preso em flagrante”, disse Armond.
Ainda segundo Armond, ele foi preso baseado em provas técnicas. Na casa do homem foi encontrada uma bermuda suja de sangue.
“Apreendemos também uma enxada que está suja de sangue, mas não objetivamente foi usada para matar a vítima. Ela pode ter sido empregada em alguma ação por que o corpo foi arrastado, havia marcas de sangue no muro, pregos na parte superior sujas de sangue, outro lado havia marcas de sangue próximas ao telhado. O suspeito nega completamente os fatos, diz que estava sujo por que caiu de bicicleta. Mas na hora da perícia, foram constatados vários machucados, principalmente no joelho. Nas mãos havia perfurações que combinavam com os pregos, estavam na parte superior do muro. Isso demonstra que ele apoiou, tentou passar por ali”, ressaltou.
Familiares contaram, ainda, que a vítima havia se mudado para o bairro há um mês. A mudança para a zona de conflito teria sido, para a família, sua sentença de morte.
“Ela se separou do meu pai e ficou seis meses morando no trailer, em um barracão perto da entrada do Santa Rosa, que funcionava como um bar. Ela trabalhava e dormia lá, um lugar também perigoso. Chamei ela para morar comigo e, aí, uma pessoa vendeu essa casa para ela pagar como pudesse. Eu falava com minha mãe todos os dias e estranhei ela não atender as ligações. Meu marido esteve aqui e não conseguiu entrar. Hoje (quarta), viemos de novo e já me apavorei quando vi o rastro de sangue do lado de fora. Foi horrível”, disse uma filha da vítima.
  • Suspeito foi apresentado em coletiva

    Suspeito foi apresentado em coletiva

  • Delegado Armond e comandante Fabiano Souza

    Delegado Armond e comandante Fabiano Souza

O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar de Campos (8º BPM), tenente-coronel Fabiano dos Santos, também participou da entrevista coletiva e ressaltou que denúncias anônimas recebidas pelo Disque Denúncia da PM ajudaram a localizar o suspeito.
“Volto a destacar a importância das denúncias anônimas para ajudar a Polícia a investigar os crimes no município”, disse.
O Eldorado e Santa Rosa, incluindo as casinhas de locais apelidados como Sapo, Sapo 2 e Suvaco da Cobra, assim como os parques Santa Clara, Prazeres, Bandeirantes, Codin e Custodópolis, fazem parte de uma das áreas de conflito mais perigosas do interior fluminense, com 76 homicídios registrados até esta quarta (20). O caso aconteceu aproximadamente 24 horas depois de outro assassinato na região. 

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