Transporte ainda não é o ideal
Victor de Azevedo 16/06/2018 15:13 - Atualizado em 04/07/2018 13:44
Usuários do transporte público ainda sofrem com o serviço oferecido em Campos. Atrasos, poucos ônibus disponíveis e vans sucateadas geram problemas que custam a cessar, e causam revolta e prejuízos à população. Neste cenário, moradores da Baixada Campista são os que mais sofrem com as dificuldades de se locomover, mesmo após o consórcio Planície assumir as linhas, que eram de responsabilidade do consórcio União, em março deste ano. Em entrevista à Folha da Manhã, o presidente do Instituto Municipal de Transportes e Trânsito (IMTT), Felipe Quintanilha, não nega os problemas, mas fala em revolução no transporte público que será iniciada com a licitação do transporte alternativo. No dia 4 de julho, será realizada uma Audiência Pública na Câmara Municipal para tratar do tema.
A Baixada Campista é uma das áreas mais sensíveis quando o assunto é a oferta dos transportes coletivo e alternativo. Na última terça-feira, a moradora de Baixa Grande, Maria das Graças Ferreira levou três horas esperando um ônibus para o Centro. E ela foi enfática ao dizer que o atraso é diário. “Um dia ou outro, pode acontecer um atraso, um ônibus quebrar, é normal. Mas todo dia? Isso é um descaso total. Depois que a nova linha entrou a situação até piorou”, disse.
A instabilidade no serviço de transporte não é de hoje, mas começou a se agravar este ano, após a inoperância do serviço por parte da empresa São Salvador, que faz parte do consórcio União. Em março, após uma série de notificações, a Prefeitura de Campos suspendeu o serviço do União e repassou ao Planície as linhas consideradas prioritárias da região: Goitacazes, Farol de São Thomé, Ponta Grossa dos Fidalgos, Tocos, Bugalho, Parque Imperial e Fazendinha.
Para Felipe Quintanilha, essa solução paliativa não resolveu todo o problema, mas amenizou a situação. “Resolvermos parcialmente o problema. E a maioria das reclamações hoje é pelo tempo de espera e não desatendimento” ressaltou.
Segundo o presidente do IMTT, o consórcio União deve reassumir as linhas cedidas ao consórcio Planície nos próximos dias, amenizando o problema do tempo de espera dos usuários. “Recebemos a excelente notícia que o grupo São Salvador foi adquirido por outro grupo e vai voltar a operar no consórcio União. Quando a São Salvador parou de atuar, nós suspendemos o consórcio e repassamos algumas linhas para o Planície, agora eu preciso ver com a Planície o tempo que eles precisam para tirar. Independente disso, nós vamos priorizar o retorno em linhas que não tem atendimento como Córrego Fundo, Quixaba, Beira do Taí, São Sebastião, Largo do Garcia”, disse.
Em nota, o consórcio Planície informou que, a pedido da Prefeitura, passou a atender algumas linhas da Baixada Campista — Farol, Tócos, Goitacazes, Bugalho, Fazendinha e Parque Imperial — que estavam sem ônibus por conta da suspensão das operações da empresa que estava atuando nessas regiões. “Essas áreas estavam sem atendimento havia semanas e passaram a contar com veículos do consórcio Planície, disponibilizados de acordo com a demanda de cada linha, apesar da concorrência desleal do transporte pirata”, dizia a nota.
Quintanilha fala sobre licitação para vans
O mau atendimento do transporte público não se restringe apenas aos coletivos. Reclamação sobre as vans também são constantes. Filas de espera são normais em um dos principais pontos de van do Centro, próximo ao Mercado Municipal. Felipe Quintanilha ressalta que através da licitação do transporte alternativo, o serviço vai melhorar.
— Vamos fazer a primeira obrigação nossa que é licitar o transporte alternativo. Nós temos uma audiência pública que será realizada no dia 4 de julho, na Câmara Municipal, às 10h. Nela, apresentaremos o projeto de licitação do transporte alternativo que será transformado em um sistema alimentador integrado ao sistema coletivo como um todo. Então nós teremos um transporte alimentador integrado ao sistema convencional de ônibus — disse Quintanilha.
Diante das constantes reclamações da população, principalmente dos distritos, Quintanilha ressalta que a ideia é ampliar a capacidade e dar um atendimento digno aos distritos do município.
— O sistema foi todo concebido pra funcionamento pleno para melhorar a qualidade dos transportes, principalmente nos distritos do município. Então, a licitação do transporte alternativo é prioritariamente para atendimento a linhas distritais. A nossa ideia é ampliar a capacidade e dar um atendimento digno aos distritos do município — disse.
Felipe não garantiu a data em que o novo sistema entra em operação, mas acredita que em até 100 dias o serviço pode estar à disposição da população.
Aplicativo irá servir para acompanhar coletivos
Além da licitação para o transporte alternativo, Quintanilha comentou sobre as ações futuras que serão implementadas para diminuir os problemas relacionados ao transporte público em Campos. Uma delas é o aplicativo desenvolvido por estudantes da Universidade Cândido Mendes que monitora os veículos por GPS.
— Vamos utilizar um aplicativo desenvolvido pelos estudantes da Universidade Cândido Mendes, em parceria com os alunos da graduação e da pós. Estamos fechando essa parceria, onde nos colocaremos não só nos outros ônibus como no transporte alternativo, logo após a licitação — afirmou.
Segundo Felipe, projetos de educação no trânsito, também serão incluídos na revolução do transporte em Campos. “Vamos lançar um projeto de educação no trânsito bem bacana com agentes educadores de trânsito nos principais cruzamentos da cidade para orientar a população, os motoristas e também na travessia de pedestres”, finalizou.

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