Um deficiente físico, de 24 anos, foi baleado na manhã desta quarta-feira, no Parque Eldorado, no subdistrito de Guarus, em Campos. O Eldorado, assim como os parques Santa Rosa, Santa Clara, Prazeres, Bandeirantes, Custodópolis e Codin, faz parte de uma das áreas de conflito mais perigosas do interior fluminense, que já foi conhecida como “Faixa de Gaza” entre policiais e, hoje, começa a ser comparada com a Síria, em relação à sensação de insegurança. O crime aconteceu por volta de 9h30, na rua Edgar Monteiro. De acordo com o Hospital Ferreira Machado (HFM), a vítima, que não tem uma das pernas, foi atingida na região da cabeça e coluna. Ainda nesta quarta, durante a tarde, a PM apreendeu um menino de 15 anos, suspeito do crime. Ele foi reconhecido pela vítima por foto. A tentativa de assassinato é mais um caso de violência ocorrido durante a intervenção federal na Segurança Pública do Estado, que tem suas atenções voltadas para a capital fluminense e menos de um mês depois da visita do secretário, general Richard Nunes, que não descartou a possibilidade de operações integradas em Campos. Nesta sexta-feira completam três meses da prisão de Francio da Conceição Batista, o Nolita, apontado como um fator que possibilitaria a redução nos índices de homicídios na área mais violenta do município.

O homem foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o HFM, onde passou por exames. De acordo com a assessoria da unidade, a vítima chegou lúcida e permanece em observação, estável. Logo após o crime, a Polícia Militar esteve no local e fez buscas pelo autor dos disparos, mas ele não foi encontrado e testemunhas não souberam dar detalhes sobre a motivação do caso. À tarde, por volta das 15h, um adolescente de 15 anos foi apreendido na comunidade do Sapo I. Ele é suspeito da tentativa de homicídio.

De acordo com informações da Polícia Militar, o adolescente foi encontrado após denúncia anônima, no local conhecido como “Faixa de Gaza”, no Sapo I.

Como a vítima da tentativa de homicídio segue internada, ela teria feito o reconhecimento do suspeito dos disparos, por fotografia, na unidade hospitalar. O adolescente nega o crime.

Zona de guerra — A escalada da violência em Guarus ocorre em meio à intervenção federal da Segurança Pública do Rio de Janeiro, voltada primordialmente para a redução da criminalidade na capital do Estado. Em Guarus, a guerra de facções, curiosamente, estaria ligada a uma união das facções criminosas Amigos dos Amigos (ADA) e Terceiro Comando puro (TCP), formando o Terceiro Comando dos Amigos (TCA), na Capital. Em Campos a junção não teria sido aceita por Nolita. Esse teria sido o “start” para uma elevação nos índices de homicídios na área de Guarus. Segundo dados consolidados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e da Folha da Manhã, foram 110 assassinatos registrados em Campos este ano, destes, 71 na área Guarus, onde a guerra de facções em disputa por pontos do tráfico vem vitimando não só os envolvidos, mas também a população, que se vê cada vez mais acuada. Em março deste ano, Nolita foi preso e as forças de segurança no município esperavam uma redução nos índices, o que não ocorreu.

No dia 22 de maio o secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, esteve em Campos. O objetivo da visita foi traçar um quadro da situação e levantar as necessidades das instituições. Ele falou sobre a possibilidade de parceria com a 2ª Companhia de Infantaria do Exército (antigo 56º Batalhão de Infantaria), instalado em Guarus, especialmente nos casos homicídios. Dois dias depois, o delegado titular da 146ª DP, Luís Maurício Armond e o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Fabiano Souza, anunciaram a prisão do “matador de Nolita”. Na ocasião, em coletiva, os dois anunciaram o início, em breve, das operações integradas das polícias Civil e Militar, inclusive com a participação do Exército, conforme anunciado pelo general.