Aluysio Abreu Barbosa
16/06/2018 16:51 - Atualizado em 18/06/2018 14:29
Ausência sentida na Copa da Rússia, a Itália é famosa no mundo do futebol pela eficiência do seu sistema defensivo. Pois a Suíça também. A diferença é que a seleção que enfrenta o Brasil de Neymar, às 15 deste domingo, na Arena de Rostov, nunca ganhou um Mundial — título conquistado quatro vezes por italianos e outras seis, pelos brasileiros.
Ainda que não tenha conquistas importantes no currículo da sua seleção — nunca ganhou uma Eurocopa—, o esquema de jogo dos adversários do Brasil tem nome e nacionalidade no sobrenome: ferrolho suíço. Nas línguas faladas no país, é conhecido como “Verrou suisse” em francês e “Schweizer Riegel”, em alemão. O sistema defensivo da Suíça foi apresentado ao mundo pela primeira vez na Copa de 1938, na França, na qual só caiu nas quartas de final, depois de eliminar a Alemanha. Bem verdade que o Brasil terminaria aquele Mundial com a 3ª colocação e sua vocação ofensiva representada no artilheiro da competição: o centroavante Leônidas da Silva (1913/2004), então jogador do Flamengo, com sete gols.
Em tempos mais recentes, a manutenção do esquema tático foi responsável por uma façanha defensiva: na Copa de 2010, na África do Sul, ficou 558 minutos sem tomar gol, estabelecendo o recorde de defesa menos vazada num Mundial. No jogo de abertura, após resistir ao toque de bola da melhor Espanha de todos os tempos, a Suíça fez um gol em contra-ataque e derrotou na fase de grupos o time que seria campeão daquela Copa do Mundo.
Pelo retrospecto, o jogo de hoje promete ser um teste de fogo ao time do técnico Tite, considerado pela imprensa internacional como um dos favoritos ao título na Rússia. Composto de jogadores leves, rápidos e habilidosos, o quarteto ofensivo Philippe Coutinho (Barcelona), Willian (Chelsea), Neymar (Paris Saint-Germain) e Gabriel Jesus (Manchester City) tentará se sobrepor aos atletas suíços, maiores e mais fortes. Pelas características, pode ser um embate semelhante ao enfrentado ontem (16) pela Argentina de Lionel Messi, diante dos vigorosos e aplicados vikings da Islândia, no jogo que terminou empatado em 1 a 1.
Para também não decepcionar na estreia, o Brasil não pode repetir os erros cometidos por los hermanos, que afunilaram muito o jogo pelo meio da área adversária. Daí a importância de outro destaque brasileiro, o lateral-esquerdo Marcelo (Real Madrid), considerado o melhor do mundo em sua posição. Ele poderá ser fundamental para abrir o jogo pelo lado canhoto do campo, onde também costuma atuar Neymar.
Sem o lateral-direito Daniel Alves (Paris Saint-Germain), cortado por contusão antes do Mundial, não se espera que seu substituto no time titular, Danilo (Manchester City), tenha a mesma importância. Muito embora as Copas também sejam feitas de surpresas, a expectativa é que as ações ofensivas brasileiras pelo lado destro sejam comandadas por Willian, com apoio do meia Paulinho (Barcelona). Ainda assim, a força pela faixa esquerda do campo, com Marcelo e Neymar, promete ser uma característica da Seleção Brasileira nos campos da Rússia.
Depois que Tite assumiu o comando, a campanha da Seleção Brasileira pelas Eliminatórias da América do Sul foi considerada excelente: 12 jogos, 10 vitórias e dois empates, se classificando em primeiro lugar. Embora tenham conseguido sua vaga só na repescagem, com uma vitória por placar mínimo e um empate com a Irlanda do Norte, a Suíça só ficou atrás de Portugal em seu grupo. Com o mesmo número de pontos (27) as duas seleções europeias tiveram os mesmos 10 jogos, nove vitórias, um empate e nenhuma derrota. Os portugueses só ficaram na frente pelo saldo de gols: 28 contra 16, dos suíços.
E o time do atacante Cristiano Ronaldo estreou na Copa da Rússia com muita autoridade, no empate de 3 a 3 contra a Espanha, candidata ao título, na última sexta (15). Ademais, a Suíça tem no time aquele que é apontado como o maior jogador da sua história: o meia canhoto Xherdan Shaqiri (Stoke City), nascido em Kosovo, na antiga Iugoslávia.
No retrospecto do confronto direto entre as duas seleções, foram oito jogos, com três vitórias brasileiras, duas suíças e três empates. Em Copas do Mundo, só se enfrentaram uma vez: em 1950, no Brasil, num empate de 2 a 2. No último jogo, um amistoso em 14 de agosto de 2013, a vitória foi suíça: 1 a 0. Para quem espera uma goleada no jogo de hoje, bom lembrar que a Seleção Brasileira nunca conseguiu marcar mais de dois gols na Suíça. E vice-versa.