Campos tem verba para ponte
Dora Paula Paes 16/06/2018 16:11 - Atualizado em 18/06/2018 13:45
No próximo dia 28, o parque industrial da Coagro, na antiga usina Sapucaia, começa a esmagar a produção de açúcar e álcool da região de Campos. Um detalhe chama a atenção: a ponte de mão única, sobre o Rio Muriaé, de mais de 60 anos, que liga a península onde está localizada a usina e duas pedreiras de grande porte à BR 356. O produtor rural Clodomir Crespo diz que a ponte por ser mão única, por segurança e o peso constante, preocupam os produtores rurais da área e os cooperados da Coagro, em torno de 9 mil produtores rurais. O grupo, no entanto, não cruzou os braços, reuniu força e conseguiu em Brasília, via senador Eduardo Lopes (PRB), uma verba de R$ 8 milhões para nova ponte.
— Não é só a situação do campo com as intempéries do tempo que nos preocupam, a logística para escoar nossa produção deve ser uma preocupação de todos. E essa ponte é um problema, uma demanda antiga. Por isso, vamos esperar que, com essa verba do gabinete do senador Eduardo Lopes, um político com vertente municipalista, o governo municipal faça a sua parte — disse Clodomir. Ainda, segundo ele, na última quinta-feira, esteve com o prefeito de Campos, Rafael Diniz, onde apresentou o que pode ser o projeto inicial para a construção da nova ponte.
A liberação da verba para o município passa pelo Sistema de Convênios (Siconv), do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão do Governo Federal, para a transferência voluntária de recursos da União e que reduz a burocracia. A documentação para a liberação da verba deverá ser preparada pelo governo municipal.
O grupo de produtores, 16 só na área de Sapucaia, tendo como líder na demanda Clodomir, já simulou até como seria o projeto para viabilizar a ponte nova. “A luta é de 40 anos. Nos dias atuais, a ponte, de mão única, não atende a necessidade da área de escoamento. Somente durante a safra, de julho a outubro, a previsão é de mais de 850 mil viagens de caminhões carregados de cana. Temos ainda os caminhões transportando, ininterruptamente, as pedras das duas maiores pedreiras de Campos, a Sapucaia, que pertence a Prumo e atende ao Porto do Açu, em São João da Barra, e a pedreira Outeiro, do Grupo Concrelagos”, ressaltou Clodomir.
Segundo Clodomir, o setor sucroalcooleiro no município só vem perdendo nos últimos anos, com todos os governos que se sucederam nos últimos 35 anos. “Sabemos da vocação da região para a agroindústria. É preciso política pública para a retomada e temos que agradecer a sensibilidade do senador Eduardo Lopes, que aceitou entrar nessa luta e olhou para a nossa demanda. Esperamos também contar com a sensibilidade do nosso prefeito Rafael Diniz. Somos produtores rurais, moramos em nossas terras, vivemos dela e, por isso, é nosso direito querer e trabalhar para melhorar a nossa vida no campo”, finaliza.
“Não se sabe o quanto ela ainda suporta”
O presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Tito Inojosa, reforça que a construção da nova ponte sobre o Rio Muriaé vai beneficiar as pedreiras e a usina Sapucaia.
— É uma ponte muito necessária. A ponte existente é de mão única, muito antiga. Não se sabe o quanto ela ainda suporta. Quando nossa família chegou a Outeiro, em 1967, ela já existia, mas hoje, a realidade é outra e tudo mudou — disse Tito Inojosa.
O presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro Ltda (Coagro), Frederico Paes, diz que o pedido por uma ponte nova não é de agora. “É uma reivindicação antiga, não só a usina, mas os produtores da área estão à mercê de uma ponte antiga, com a passagem de um carro por vez. A preocupação é com segurança. Além dela, outra alternativa é muito distante. Seria tipo ir Atafona (SJB) para atravessar para Guarus. É um pleito justo e importante. Se a verba está vindo de Brasília, fora do orçamento, é bem-vindo e o município precisa ter mecanismo para bem usá-lo”, reforçou.

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