Nas comemorações dos 200 anos da Igreja Matriz de São João Batista, em São João da Barra, um presente muito especial. O altar centenário foi restaurado e ganhou as cores e formas originais. Trabalho complexo que iniciou com a limpeza das peças para retirar as camadas de tintas que cobriam a tonalidade original. Um desafio que o restaurador Jorge Renato da Silva Amaral aceitou e cumpriu com êxito.
— Esse trabalho, que teve início em agosto de 2017, devolveu a identidade da arte sacra sanjoanense. Inúmeros testes de prospecções foram feitos para descobrir as tonalidades exatas das cores e seus pontos específicos em todo o conjunto. Desmontamos o altar para tratar toda a madeira corroída por cupins e fazer a remoção das cinco camadas de repintura grosseira que cobriam a beleza original desta verdadeira obra de arte. Encontramos o douramento a ouro legítimo intacto por baixo de camadas de tintas impróprias para restauro. Mantivemos o original encontrado e fizemos a reposição do ouro em todas as partes necessárias. Reintegramos azuis originais, formando esse conjunto único — disse Jorge Renato.
O altar, segundo Jorge Renato, estava perdendo o entalhamento com reformas sem critérios técnicos e artísticos. Foi preciso um trabalho para a retirada das camadas de tinta que estavam encobrindo a obra original. Mas foi preciso formar uma equipe que trabalhou sob a supervisão do restaurador. O resultado foi recuperar a beleza e o esplendor de uma obra de arte que eleva a contemplação do sagrado expresso na arte sacra. E resgatar as expressões artísticas originais. O altar foi inaugurado no final de século XIX.
— Um trabalho complexo, exaustivo, de cansaço físico e mental. Assumir uma obra desse nível foi superar os meus limites, acreditando sempre no resultado melhor possível para a honra e glória de Deus. Mas o mérito não pode ser só meu! Uma grande equipe se formou com o mesmo ideal de resgatar aquilo que estava perdido. Algumas pessoas foram indispensáveis nessa restauração, pessoas de comprometimento, que tomaram sonho realizado — destacou.
Restaurar esse altar resgatando suas formas e cores originais é um ato de amor à cidade e ao conjunto da arte sacra. Iniciativa é para os sanjoanenses um presente neste momento que a Igreja de São João Batista completa 200 anos de história de fé e devoção.
— A restauração do altar mor da igreja Matriz de São João Batista, no ano do bicentenário da construção atual de 1818, é significativa, visto ser a igreja, que foi oficializada em 1644 pelo prelado D. Antônio de Maris Loureiro, é o mais antigo templo existente na região. Incinerado em 1882, o altar restaurado foi entregue à população na festa de 1884, após reformada depois do incêndio. É um marco para a história da Igreja Católica em São João da Barra — disse Fernando Antônio Lobato.
— Essa restauração sempre foi um sonho da Irmandade São João Batista. Zelar pela conservação e história do nosso patrimônio, são algumas das obrigações que temos. Mas, sabíamos que não seria fácil, tanto na parte do trabalho (mão de obra), quanto principalmente, nos recursos financeiros que precisaríamos ter. Já há alguns anos atrás, conversei com o Jorge Renato sobre a possibilidade de realizarmos o serviço. Desde então, fomos alimentando esta ideia e nos organizando para isto. No ano passado, fizemos esta promessa a nossa comunidade e com a valiosa ajuda de fiéis que colaboraram com doações simbólicas e outros colocando de fato, a mão na massa, foi possível tornar realidade o que até então era um sonho. A igreja matriz é o cartão postal de São João da Barra — afirmou Renan Cunha. (A.N.)