Entre as estreias desta quinta-feira (14) nos cinemas de Campos dos Goytacazes, o destaque fica com o filme “Jurassic World: O Reino Ameaçado”. Criada em 1993, a franquia Jurassic Park foi um desses sucessos estrondosos que mexia com a memória afetiva muito comum entre as pessoas: dinossauros. Todos têm lembranças das cenas de animais enormes e assustadores se movimentando na tela do cinema.
Passados 25 anos e com mais três filmes na sequência, sendo o mais recente de 2015, a franquia chega essa semana aos cinemas com mais um capítulo (“Jurassic World: O Reino Ameaçado”) sobre a relação entre o poder do homem, a natureza e suas inevitáveis consequências. O filme de 2015 retomou a série depois de um hiato de 14 anos e fez um sucesso estrondoso ao redor do mundo arrecadando mais de 1,6 bilhão de dólares. E é aí que começam os problemas desse novo filme.
O longa parece ter sido feito às pressas, exatamente para aproveitar o sucesso do anterior, e sofre da necessidade que algumas franquias sempre apresentam: o segundo filme precisa ser ainda mais exagerado que o anterior. E esse ponto é o mais negativo dessa nova empreitada.
Começamos pela história, que repete uma fórmula já batida, inclusive pela própria franquia, o debate tratado de forma superficial envolvendo bioética e interesses particulares. A discussão é mínima, o foco são as cenas de ação cheias de explosões. As motivações dos personagens também são rasas e pouco trabalhadas, tudo para que tenhamos tempo disponível para sustos e muita ação.
A primeira cena do filme é bem interessante, luzes e sombras criam uma atmosfera interessante, além da chuva que parece sempre estar presente em momentos de tensão. Esse primeiro momento revela criatividade, percebemos nitidamente a tentativa do diretor Juan Antonio Bayoná de trazer algo diferente à franquia. Entretanto, o grande pecado desse filme, e de vários blockbusters recentes, é sempre tentar criar situações bem inverossímeis para justificar a ação desenfreada, e resolvê-las de forma muito simplória. Aliás, o que não falta nesse filme: clichês. Do primeiro ao último minuto temos situações bem forçadas, com resoluções que desconsideram a capacidade interpretativa da plateia, numa clara tentativa de atingir um público que gosta de abordagens rapidamente esquecidas.
O lado técnico do filme é o que sustenta o projeto, e isso é uma marca registrada da franquia. Quando vemos os dinossauros, seja animatrônico (dispositivos robóticos desenvolvidos com o objetivo de reproduzir algum ser vivo), ou CGI, ficamos impressionados. São feitos com um primor que imprime respeito e vale ser ressaltado.
No entanto, o que era o diferencial do primeiro longa, seu espírito aventuresco e a forma como ele mexia com nossas emoções, parece que se perdeu ao longo do tempo. E nesse novo filme, além dos pontos negativos mencionados, ainda conta com várias referências feitas ao filme original, que deveriam ser homenagens, mas que terminam sendo muletas para um roteiro fraco e previsível. Parece que os roteiristas tiveram preguiça de pensar em algo novo e copiaram o que eles acharam que caberia e funcionaria no filme.
No fim, temos um trabalho que proporcionaria novas possibilidades para a franquia, mas que ficou preso ao próprio formato, buscando a grandiosidade sem saber exatamente onde quer chegar e o que pretende apresentar aos espectadores.
Entra também em exibição nesta quinta a comédia “Do Jeito Que Elas Querem”. Permanecem em cartaz “Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim”, “O Processo”, “Deadpool 2”, “Não Se Aceitam Devoluções”, “Oito Mulheres e Um Segredo”, “No Olho do Furacão” e “Sol da MeiaNoite”. (A.N.) (C.C.F.)