Jhonattan Reis
05/06/2018 17:29 - Atualizado em 07/06/2018 14:16
Relatos sobre vida e obra do homem que é considerado pela revista Rolling Stone o maior expoente de todos os tempos da Música Popular Brasileira, além de ser um dos criadores da bossa nova, gênero legitimamente brasileiro, estarão nesta quarta-feira (6) à noite na tela do Cineclube Goitacá. “A Música Segundo Tom Jobim” (2012), de Nelson Pereira dos Santos, diretor falecido no último dia 21 de abril, e Dora Jobim, será apresentado pelo pesquisador e professor Marcelo Sampaio, com entrada franca. A sessão começa às 19h e acontece na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na esquina da rua Conselheiro Otaviano com a rua Treze de Maio, no Centro de Campos.
Dirigido por Nelson Pereira dos Santos — também diretor de “A Luz do Tom” (2012), exibido no dia 5 de abril de 2017, no Cineclube, também por Marcelo Sampaio — e por Dora Jobim — neta de Tom —, o documentário mostra a trajetória musical do compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro Antônio Carlos Jobim, mais conhecido como Tom Jobim, que compôs clássicos como “Garota de Ipanema”, “Chega de Saudade” e “Águas de Março”. Também aborda a parceria com Vinicius de Moraes e a influência da música erudita em sua obra.
Marcelo Sampaio explicou que a exibição tem o objetivo de fazer três homenagens.
— A principal delas é ao Nelson (Pereira dos Santos), recém-falecido. Aluysio (Abreu Barbosa, jornalista e poeta) já homenageou este diretor no Cineclube, apresentando “Memórias do Cárcere” (1984), mas nunca é demais lembrar de um grande diretor — disse.
— Com esta apresentação, ainda presto homenagem ao Tom Jobim, pois foram completados 90 anos de seu nascimento no ano passado, e à bossa nova, que tem tudo a ver com Jobim e está comemorando os 60 anos de seu surgimento — complementou.
O apresentador da noite destacou a forma como o documentário é conduzido.
— O filme não tem falas, não tem legendas, não tem depoimento. É todo contado através da música. Até brinco dizendo que Nelson deve ter se inspirado numa das frases emblemáticas do Tom, que era: “só a linguagem musical basta”. Os diretores provaram, com esta obra, que a frase realmente está correta. Eles fizeram um filme de uma hora e meia, com toda a história sendo contada com música. E a gente entende o filme inteiro — relatou.
Entre os assuntos abordados na obra está a importância que Jobim teve para a música a nível mundial.
— Isso acontece por meio das participações de grandes nomes internacionais que estão no filme, como de Ella Fitzgerald (cantora, compositora e atriz) e Frank Sinatra (cantor, ator e produtor) — comentou Sampaio, lembrando, também, de participações nacionais presentes em “A Música Segundo Tom Jobim”. — Das participações brasileiras, destaco a de Carlinhos Brown, com acompanhamento divinal do violoncelista Jaques Morelenbaum na música “Sem Você”.
E, “para não deixar de ser crítico”, brincou Marcelo, ele citou questões que não o agradaram 100% no filme.
— Uma delas é a pouca participação, no longa, de Vinícius de Moraes, maior parceiro de Jobim. No filme todo, Vinícius só aparece uma vez cantando. Também aponto a ausência de João Gilberto. Porém, isso é até entendível, já que Gilberto sempre teve problema em relação a direitos autorais. Deve ter sido esta a questão — falou.
Ainda para Marcelo Sampaio, outro ponto alto do filme é a riqueza de imagens.
— Tem muito registro raro, o que com certeza deve ter tido apoio da Dora (Jobim), porque é do tipo de imagem que só a família possuía. Também é impressionante que tem filmagens antigas fantásticas da cidade do Rio de Janeiro, com direito até a bondes circulando nas ruas. Foi, aliás, uma época muito importante para o Rio, que ainda estava se desenvolvendo para virar a grande metrópole que é hoje.
Sampaio ainda elogiou o início e o fim do filme.
— Acho que um filme bom tem que ter um bom início e um bom final, e isso acontece com “A Música Segundo Tom Jobim”. No início, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos abre com nada mais e nada menos que “Garota de Ipanema”, a música brasileira mais gravada de todos os tempos.