Intervenção federal sem efeito na sensação de segurança em Campos
18/05/2018 09:30 - Atualizado em 21/05/2018 16:48
Não só na “Faixa de Gaza”
Os casos de violência em Campos reforçam a sensação de que nada mudou nos últimos três meses, período em que vigora a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro. O município, considerado o 45º mais violento do mundo em 2017 pela organização mexicana Segurança, Justiça e Paz, vê a escalada da violência em uma área de disputa entre facções criminosas rivais, especialmente na região de Guarus, que já foi conhecida como “Faixa de Gaza” e começa a ser comparada até com a Síria. Esse panorama foi observado pela coluna ontem, mesmo dia em que novos crimes foram registrados não só por lá, mas também na área central da cidade.
Área de conflito
Os palcos da escalada da violência campista — Parques Eldorado, Santa Rosa e Santa Clara, assim como Custodópolis — integram uma área de disputa entre facções criminosas rivais. Na terça, dois homens e dois adolescentes, com armas e munições, foram detidos pela Polícia Militar no Santa Clara depois de invadirem duas casas no Parque Santa Rosa, onde chegaram a apontar armas para crianças e até uma grávida de seis meses. E a criminalidade não para. A madrugada de ontem, no mesmo Santa Clara, foi marcada por um tiroteio entre bandidos e policiais. Sem vítimas, mas sempre há o risco para os inocentes nessa guerra contra o crime.
Centro da cidade
Já no Centro de Campos, em plena luz do dia, a vítima foi uma mulher atingida por um tiro. Como em qualquer cidade, ela andava pela calçada. Neste momento, com o sol alto das 15h, bandidos, de moto, tentaram realizar um assalto, mas foram surpreendidos e fugiram quando um policial à paisana decidiu reagir. Uma bala, que ainda não há confirmação de onde partiu, acertou uma pessoa inocente. Felizmente, de raspão, sem gravidade. Seja na área central, como na zona de conflito da cidade, sempre há o risco para os inocentes nessa guerra contra o crime.
Risco
A reação do policial que atua em Campos acontece dias depois de a cabo Kátia da Silva Sastre, da Polícia de São Paulo, também à paisana, atirar e matar um ladrão em frente à escola da filha, na cidade de Suzano. O caso ganhou grande repercussão na internet, muito pela precisão da ação da PM, como também sobre o risco ao qual poderiam ser expostas as outras mães e crianças presentes durante a ação. São casos diferentes, contextos diferentes, mas que evidenciam a extrema necessidade de avaliação do uso das arma de fogo, sem colocar vidas de terceiros em risco.
Ministro em Campos
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski será um dos palestrantes, na noite de hoje, do Seminário “Judicialização da Saúde — direito à saúde na visão dos tribunais”, que acontece no Teatro Trianon, a partir das 18h30. Membro da Segunda Turma do STF, ele é conhecido em Campos, especialmente, depois de proibir o julgamento pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Ação Penal na qual o ex-governador Anthony Garotinho foi condenado e preso em setembro de 2017. De acordo com a sentença de primeiro grau, Garotinho é o “comandante” do “esquema” envolvendo o Programa Cheque Cidadão.
Ouviu Garotinho...
Para a Justiça local, Garotinho liderou um “esquema criminoso envolvendo o uso clandestino e irregular do Programa Cheque Cidadão como moeda de troca por votos (...) com o fim de eleger a maior bancada possível”. Depois de ver seu mantra de perseguição rejeitado em Campos e no TRE, Garotinho achou quem o ouvisse no STF. Sob a alegação de suspeição do promotor Leandro Manhães, o ex-governador recorreu à mais alta Corte brasileira e conseguiu liminar de Lewandowski, pelo menos até que o mérito de seu habeas corpus seja julgado pelo plenário.
...e deu “fôlego”
Com a decisão, o político da Lapa ganhou tempo para tentar se reorganizar politicamente, enquanto ainda responde criminalmente em outra operação, a Caixa d’Água. Nesta, é acusado, junto com outras sete pessoas, de integrar organização criminosa que arrecadava recursos de forma ilícita com empresários com o objetivo de financiar as próprias campanhas e a de aliados, inclusive mediante extorsão. Isso sem falar que, caso fosse condenado na Chequinho em segunda instância, em pleno ano eleitoral, Garotinho poderia ter de voltar para a prisão, no caso da manutenção da condenação do juízo local, além de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Charge do dia
José Renato

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