Ponto Final - Protesto ou vandalismo?
16/05/2018 11:46 - Atualizado em 18/05/2018 17:08
Pichações na Uenf
Desde o assassinato a tiros da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março, a Folha foi um dos tantos veículos de mídia do Estado, do Brasil e do mundo a cobrar a elucidação do crime bárbaro. Assim como tem noticiado todas as denúncias de corrupção do governo Michel Temer (MDB). Por isso mesmo se julga independente para ecoar em seu noticiário e nesta coluna de opinião os questionamentos feitos às pichações que amanheceram espalhadas ontem (15) nos prédios da Uenf, com palavras de ordem a favor da vereadora executada e contra o presidente em exercício.
Manifesto x integridade
Depois de brigar por sua implantação nos anos 1990, a Folha tem acompanhado atentamente a vida da instituição mais importante de ensino de Campos e região. A partir do fechamento da Casa de Cultura Villa Maria, em 18 de abril do ano passado, este jornal cobrou da comunidade e do poder público a reação devida à maior crise enfrentada pela Uenf em seus 27 anos, que se arrasta até os dias de hoje. Reitor da universidade neste momento de penúria financeira do Estado, Luis Passoni disse ontem sobre as pichações: “Embora compreenda a necessidade da juventude se manifestar, a gente tem que preservar a integridade do campus”.
Opiniões uenfianas
A fala do reitor da Uenf foi ecoada pelo professor de ciência política Hamilton Garcia: “Poderiam ter usado cartazes porque não danifica o patrimônio. É o espírito da época que entende que pichar não é um problema, mas é um equívoco”. Entre o corpo discente, houve divisão. Membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gilberto Gomes disse: “Não houve depredação, mas tiveram o intuito de sujar. É uma forma de manifestação pacífica”. Outro universitário, Gabriel Marques ponderou: “Alguns dizem que é uma forma de se expressar, mas eu acho totalmente errado. Devemos agir com cautela e respeitar nosso patrimônio”.
Vida e morte
Todos os entrevistados ressaltaram o clima de Fla x Flu político vivido no país, do qual as pichações foram frutos. O “Marielle vive” merece ser ecoado. Sobretudo enquanto sua execução covarde não for devidamente solucionada, como o deputado federal Chico Alencar (Psol) cobrou em entrevista exclusiva à Folha. Mas não sem o equilíbrio de uma parlamentar de esquerda, negra, lésbica e feminista, que também dava assistência às famílias dos PMs mortos da cidade do Rio. Já o “Fora Temer”, pichado em vários outros prédios de Campos, se refere a um governo talvez já morto e que só espera 1º de janeiro de 2019 para ser sepultado.
Sem clima?
Mesmo com a Copa do Mundo neste ano sendo realizada na Rússia, a expectativa de faturamento em solos tupiniquins é grande. A estimativa é que 33% das micro e pequenas empresas esperam faturar com a torcida pela Seleção Brasileira. O comércio está pronto, só esperando os clientes. Nas ruas é que a empolgação anda devagar. Em tempos bicudos, com desemprego batendo a casa dos 13 milhões, está difícil encontrar em Campos, por exemplo, ruas enfeitadas já no clima para torcer. Até mesmo para se vestir para a Copa, com a sonhada camisa oficial, está puxado, o que já deixa grande parte da população brasileira de fora da festa.
Avaliação presidencial
Em reunião com ministros e parlamentares, no Planalto, para marcar dois anos de governo, o presidente Michel Temer disse que a equipe que reuniu ao chegar à presidência foi “uma das melhores de todos os tempos”. Ontem, foi lançado um documento de 32 páginas, apontando ações realizadas em diversas áreas, além dos dados relacionados à recuperação econômica do país, como a queda da inflação e a redução da taxa básica de juros. No quesito popularidade, contudo, Temer não vai nada bem.
Negociações suspensas
A Coreia do Norte suspendeu as negociações com a Coreia do Sul e expõe como motivo os eventuais exercícios militares entre sul-coreanos e norte-americanos. Paralelamente, o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, informou que pode cancelar a reunião de cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para o dia 12, em Cingapura.
José Renato

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