Ponto Final - Bolsonaro lidera sem Lula, PT queima navios e Ciro navega à direita
15/05/2018 12:06 - Atualizado em 18/05/2018 17:07
Lula e Bolsonaro lideram
Divulgada ontem, a pesquisa CNT/MDA confirmou duas tendências relevadas nas consultas anteriores: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda é o político mais popular do Brasil, com 32,4% das intenções de voto ao Palácio do Planalto. Mas preso pela Lava Jato e provavelmente fora da eleição pela Lei da Ficha Limpa, sem Lula o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida presidencial. Com 18,3%, ele foi seguido fora da margem de erro pela ex-senadora Marina Silva (Rede), com 11,2%; pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 9%; e pelo ex-governador paulistano Gerado Alckmin (PSDB), com 5,3%.
Sem Lula, Bolsonaro
Feita entre 9 e 12 de maio, com 2.002 pessoas de 137 cidades brasileiras e margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, a pesquisa CNT foi a primeira já sem o nome do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB), que anunciou no dia 8 sua decisão de não concorrer em outubro. A liderança de Bolsonaro fora da margem já havia sido constatada na consulta anterior, feita pelo instituto Paraná entre 27 de abril e 2 de maio. Nela, a vantagem do presidenciável de extrema direita foi ainda maior: 20,5% das intenções de voto, enquanto Marina ficou com 12% — 8,5 pontos, contra os 7,1 da CNT.
Capitão bateu teto?
Apesar da liderança, a série da CNT indica que Bolsonaro já pode ter batido seu teto. Na pesquisa anterior do mesmo instituto, realizada entre 28 de fevereiro e 3 de março, ele liderou entre 20% a 20,9% nos três cenários sem Lula. Mesmo dentro da margem de erro, o ex-capitão do Exército registrou queda de cerca de dois pontos na comparação com a consulta divulgada ontem. O fato é que, pela CNT, ele não cresceu suas intenções de voto nos últimos dois meses. Mesmo com sua prisão neste período, Lula também caiu pouco: dos 33,4% do início de março aos 32,4% de agora.
Prisão justa para 51%
Apesar de, dentro da margem de erro, ter mantido seu percentual de intenções de voto nas duas consultas CNT, a última registrou um dado preocupante ao líder petista: sua prisão em 7 de abril, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi justa para 51% da população. Outros 38,6% a consideraram injusta, enquanto 10,4% não souberam ou quiseram responder. Diante de uma pergunta diferente, 49,9% dos entrevistados disseram não acreditar que Lula disputará o pleito presidencial de outubro. Mas 40,8% ainda apostam na possibilidade, enquanto 9,3% não souberam ou quiseram responder.
PT queima navios
Desde 6 de fevereiro, ao tomar posse da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luiz Fux garantiu que a “Justiça será irredutível na aplicação da Lei da Ficha Limpa”. Foi apenas 12 dias após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) ter condenado Lula a 12 anos e um mês de prisão, em decisão unânime, no caso do triplex do Guarujá. Preso há cinco semanas, o ex-presidente teria dado a ordem para o PT descartar a aliança com a vice na chapa de Ciro. Ex-porta-voz do governo Lula, André Singer escreveu na Folha de São Paulo do dia último 12: “Ciro começou a carreira no PDS (ex-Arena) e militou por muito tempo no PSDB”.
Ciro à direita
Descartado pelo PT numa união das esquerdas, Ciro já se declarou favorável à prisão após condenação em segunda instância e agora busca um vice ligado ao centro-direita político e ao grande capital nacional. Após ter sondado o presidente da Coteminas, Josué de Alencar (filho de José de Alencar, falecido ex-vice-presidente de Lula), o presidenciável do PDT agora flerta com Benjamin Steinbruch para compor a sua chapa. Filiado ao PP, ele é banqueiro, presidente do consórcio privado que controla a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e um dos homens mais ricos do país.
Esquerda mal
Ideologias à parte, o movimento de Ciro pode não estar pragmaticamente equivocado. Apesar de líder na pesquisa CNT, Lula ainda não parece ser capaz de transferir seu imenso capital eleitoral ao petista mais provável para substituí-lo: o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad não foi além dos 2,3%. Presidenciáveis mais à esquerda foram ainda pior: a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) cravou 0,9%, enquanto o líder do MTST Guilherme Boulos (Psol) anotou 0,6%. Mas como os indecisos, brancos e nulos chegaram a 45,7%, 2,5 vezes mais que as intenções de voto em Bolsonaro, tudo pode estar ainda em aberto.
José Renato

ÚLTIMAS NOTÍCIAS