Juiz diz que há "deslealdade"
31/05/2018 11:02 - Atualizado em 04/06/2018 13:47
Às vésperas do interrogatório dos réus da operação Caixa d’Água, na próxima segunda-feira, em Campos, o advogado Carlos Azeredo, que representa o casal Anthony (PRP) e Rosinha Garotinho (Patri), pediu o adiamento da audiência, alegando que irá passar por uma cirurgia de catarata. O juiz Ralph Manhães, tabelar da 98ª Zona Eleitoral de Campos, não só negou o pedido, como nomeou dois advogados dativos para os ex-governadores e falou que os réus usam “deslealdade processual e de forma escancarada”. Dentro do mesmo processo, a desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Cristiane de Medeiros Brito Frota acolheu uma liminar do ex-presidente nacional do PR, Antonio Carlos Rodrigues, e o seu genro, Fabiano Alonso, para que eles possam depor por carta precatória.
— Primeiramente, vale ressaltar que o primeiro réu, Anthony Garotinho, vem adotando, nesta ação penal, o mesmo comportamento daquele praticado na ação penal referente à operação “Chequinho” e que teve este magistrado como sentenciante, qual seja, a de desconstituir advogados nesta fase processual e criar embaraços ao andamento do processo para que não haja o regular andamento do feito, evitando-se, assim, o seu julgamento — disse Ralph Manhães no processo, lembrando que Garotinho demitiu e readmitiu seus advogados por diversas vezes na ação da Chequinho, onde foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão por operar um esquema de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição municipal.
— Neste ponto é que se tem início as condutas deliberadamente procrastinatórias com o fim de evitar o seu interrogatório, sendo que esta é a segunda tentativa de oitiva dos réus em que o mesmo patrono apresenta atestados médicos com validade para a mesma data dos interrogatórios, não podendo ser aceita a tese de mera coincidência. (...) O exame acostado aos autos pelo causídico em tela data de 09/03/2018, ou seja, há mais de oitenta dias, o que demonstra que não existia qualquer urgência neste caso e sua marcação deve ser entendida como ato preparatório para a conduta protelatória, não podendo o judiciário aceitar tamanha deslealdade processual e de forma escancarada — relatou o magistrado, que nomeou os advogados Mauro Barbosa Xavier e Roberto Almeida Sa como dativos apenas para o interrogatório de segunda-feira.
Precatória - A desembargadora Cristiane de Medeiros Frota acatou o habeas corpus de Antonio Carlos Rodrigues e Fabiano Alonso para que eles possam ser interrogados por precatória na segunda e não precisem vir a Campos, uma vez que eles moram em São Paulo. No entanto, Medeiros negou o pedido da defesa para que eles não sejam presos durante o curso do processo.
Além dos Garotinho, outras seis pessoas são acusadas de integrarem uma organização criminosa que intimidava e extorquia empresários, com o objetivo de obter recursos de empresas contratadas pela Prefeitura de Campos durante a gestão Rosinha. (A.S.) (S.M.)

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