Delação de Pinheiro mira em Eduardo Paes
28/05/2018 21:00 - Atualizado em 29/05/2018 16:02
Líder nas pesquisas de intenção de voto na corrida ao Governo do Estado, o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), é um dos principais alvos da delação do ex-presidente da empreiteira OAS, Leonardo Pinheiro. O acordo de colaboração está nos detalhes finais para ser homologado pela Justiça e já passou pelo crivo da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Até o momento, segundo reportagem do jornal O Globo, o documento tem cerca de 60 anexos e envolve pelo menos 14 políticos do MDB, PSDB, PT, PP e DEM em pagamentos de propina em obras feitas pela empreiteira em 11 estados brasileiros e operações ilícitas em cinco países da América Latina, além de repasses de caixa dois para campanhas eleitorais.
O empreiteiro conta que Paes recebeu repasses via caixa dois para sua campanha à Prefeitura do Rio em 2012. A empresa tinha a expectativa de ser favorecida em obras na capital fluminense. Pinheiro também relatou o pagamento de propina ao ex-secretário de Obras de Paes, Alexandre Pinto, preso desde janeiro pela Lava Jato no Rio, e a integrantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Segundo o executivo, tanto o ex-secretário municipal quanto integrantes do TCE cobravam um percentual sobre contratos de obras. Entre elas, estão o corredor de ônibus BRT Transcarioca e do programa Asfalto Liso, executado pela Odebrecht e OAS e que previa a recuperação de 700 quilômetros de vias da cidade. A obra do Governo do Estado do teleférico do Morro da Providência, hoje parado, também foi citada. Pinheiro relata que todas as construções executadas pela OAS no Rio de Janeiro estiveram vinculadas a pagamentos de propina ou caixa dois.
Léo Pinheiro também detalhou o pagamento de propina a operadores indicados por políticos e caixa dois para campanhas eleitorais em troca da participação da empreiteira em grandes obras, como a hidrelétrica de Belo Monte e a construção da Cidade Administrativa, que virou sede do governo de Minas Gerais. O leilão para a construção da usina ocorreu no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto o empreendimento em Minas saiu do papel na gestão de Aécio Neves (PSDB), hoje senador.
Na proposta de delação premiada, o executivo afirmou também que houve pagamentos ilícitos relacionados às obras da transposição do Rio São Francisco e da Arena das Dunas, no Rio Grande do Norte, além de empreendimentos da Petrobras nos quais a OAS estava envolvida.
Pinheiro relatou ainda pagamentos ilegais ao senador José Serra (PSDB-SP). O executivo disse que foram feitos repasses ligados às obras do Rodoanel da Rodovia Carvalho Pinto para abastecer o caixa dois de campanhas do PSDB, entre elas a de 2006, na qual Serra concorreu ao governo de São Paulo.
Outros acusados de receber caixa dois são a ex-presidente Dilma Rousseff, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), o governador do Rio, Fernando Pezão (MDB), e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), além do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Ainda fazem parte do material as provas apresentadas por Pinheiro e os relatos dele que foram usados na denúncia do caso do tríplex em Guarujá, que levou Lula à prisão.
Todos os acusados negam envolvimento em qualquer ato ilícito. (A.S.) (A.N.)

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