Aldir Sales
26/05/2018 20:27 - Atualizado em 28/05/2018 16:55
Eleito com 66,99% dos votos em 2016, o médico Marcus Vinícius de Oliveira Pinto, de 45 anos, conhecido como Dr. Marcus Vinícius (PR), chegou à Prefeitura de Itaperuna como uma esperança da população de mudança política na maior cidade do Noroeste Fluminense, reduto tradicional do grupo do deputado estadual Jair Bittencourt (PP). Porém, com quase um ano e meio de governo, o prefeito acumula polêmicas, denúncias de irregularidades, ações na Justiça e desafetos políticos. Com apenas quatro meses no poder, o vice-prefeito Rogério Bandole Boechat, o Rogerinho (Patriotas), rompeu relações com Dr. Marcus Vinícius e denuncia que o chefe do Executivo fechou um contrato de emergência para serviço de Limpeza Pública com pelo menos R$ 1,1 milhão a mais de custo por mês do que o anterior. O caso está nas mãos do Ministério Público Estadual (MPRJ).
De acordo com os documentos entregues pelo vice-prefeito, antes de Dr. Marcus Vinícius tomar posse, a Prefeitura mantinha um contrato com a Vieira Stones Empreendimentos no valor de R$ 790.030, 60 para os serviços de coleta seletiva de resíduos sólidos, limpeza e capina de áreas públicas e urbanas na cidade e nos distritos, além da manutenção da rede de água e esgoto. No dia 15 de dezembro de 2016, o Ministério Público chegou a emitir uma recomendação para que o município renovasse o vínculo com a empresa.
No entanto, segundo os documentos apresentados, no dia 22 de fevereiro de 2017, com menos de três meses de gestão, Dr. Marcus Vinícius rescindiu o contrato com a Vieira Stones e, uma semana depois, no dia 1º de março, firmou um contrato de emergência com a JL&M Construtora e Incorporadora no valor de R$ 747.621,42 apenas para os serviços de coleta de lixo e limpeza urbana, sem atender aos distritos. Além disso, outra empresa, a Renovo Empreendimentos também foi contratada pela administração para realizar os serviços de manutenção de água e esgoto na zona rural, além de capina e roçada, ao preço de R$ 314.800,00. Somando tudo, a Prefeitura desembolsa R$ 1.062.421,42, um valor de R$ 272.390,82 a mais por mês. Em um ano, o contribuinte itaperunense teria que pagar a mais R$ 3.268.689,84.
A promotora responsável pelo caso, Raquel Rosmaninho, disse que as investigações continuam, mas que não pode afirmar nada por enquanto. “A denúncia é de que a Prefeitura teria contratado várias empresas para fazer o mesmo serviço da primeira, mas com um preço maior, se for somado. A Prefeitura apresentou uma resposta na quinta-feira e ainda não tive tempo de ler tudo, mas o prefeito afirma que nas últimas gestões o serviço era mais caro. Está sendo investigado”, afirmou.
A equipe de reportagem tentou contato com a Prefeitura de Itaperuna, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
“Troca de chave para não entrar no gabinete”
Pré-candidato a deputado estadual, Rogerinho diz que tinha acertado anteriormente com Dr. Marcus Vinícius o apoio do prefeito a uma possível candidatura dele neste ano, porém, o vice-prefeito diz que não foi a falta deste apoio e nem a ascensão da primeira-dama Camila Andrade, que chegou a ser nomeada secretaria de Assistência Social e poderia ser uma possível concorrente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que o fez romper politicamente com o governo.
— Nosso grupo era uma esperança para Itaperuna. Fizemos campanha juntos, pensamos igual, mas hoje não dá mais. Meu rompimento com o prefeito se deu logo nos primeiros meses por causa da falta de transparência. Para se ter uma ideia, no dia 10 de maio de 2016, aniversário da cidade, eu iria conversar com um grupo de barraqueiros que estavam se preparando para trabalhar na festa e quando cheguei na Prefeitura, tinham mudado a chave do meu gabinete, que é o mesmo do prefeito, para eu não poder entrar mais — contou.
Além da investigação sobre os contratos da limpeza pública, o prefeito de Itaperuna também responde na Justiça a denúncias do Ministério Público sobre suposta fraude na contratação de empresa para kits escolares e também por irregularidades em uma polêmica reforma administrativa, onde o chefe do Executivo teria publicado no Diário Oficial um texto diferente do que foi aprovado na Câmara de Vereadores.