O ex-governador Anthony Garotinho (PRP) pediu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a suspensão preventiva do juiz Glaucenir Oliveira, responsável por prendê-lo preventivamente duas vezes em 2016 e em 2017 no âmbito das operações Chequinho e Caixa d’Água. Glaucenir é alvo, desde fevereiro, de duas representações no CNJ de Garotinho e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, depois do vazamento de um áudio atribuído a Oliveira, onde o magistrado campista teria dito que o ministro recebeu propina para conceder habeas corpus e libertar o político da Lapa da prisão.

Em despacho nesta semana, o corregedor-geral de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, menciona o pedido de Garotinho para suspender preventivamente Glaucenir, que atualmente não exerce nenhuma função na Justiça Eleitoral e responde pela 3ª Vara Criminal de Campos. Noronha ainda intimou o juiz para que, caso queira, preste informações complementares em prazo de 15 dias.

O ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o ex-governador também entraram com representações contra o juiz Glaucenir Oliveira na Corregedoria da Justiça Eleitoral. O áudio teria sido postado em grupo de juízes no WhatsApp, no qual o magistrado teria dito: “segundo os comentários que eu ouvi hoje – comentário sério, de gente lá de dentro – é que a mala foi grande”, supostamente se referindo à decisão de Gilmar Mendes de soltar o ex-governador durante o recesso forense, em dezembro, contrariando decisão anterior do relator do caso no TSE, ministro Jorge Mussi.

Em outro trecho do áudio, há ainda a seguinte declaração: “Os comentários ouvidos aqui em Campos, inclusive do grupo do Bolinha... Eu tenho acesso de pessoas que sabem porque estão no meio. Estou vendendo o peixe conforme eu comprei. O que se cita no próprio grupo dele é que a quantia foi alta”.

No áudio atribuído ao juiz é mencionada “mala grande” a Gilmar Mendes. A pessoa afirma ter conversado com o juiz Ralph Manhães, responsável pelas investigações da operação Caixa d’Água. O autor do áudio, supostamente Glaucenir, diz ter sugerido ao magistrado que pedisse suspeição.

Garotinho foi preso em 22 de novembro do ano passado acusado de comandar uma organização criminosa que arrecadava recursos ilícitos para campanhas eleitorais dele próprio e de aliados. Um delator revelou ter sido orientado a fechar um contrato de fachada com a JBS para repassar o dinheiro ao caixa dois da campanha de Garotinho ao governo do Rio em 2014.

Além de Anthony e Rosinha Garotinho, também são réus na ação o ex-secretário de Governo Suledil Bernardino, o suplente de vereador Thiago Godoy (PR), o ex-presidente nacional do PR Antonio Carlos Rodrigues e o seu genro, Fabiano Alonso, além do empresário Ney Flores e do policial civil aposentado Antônio Carlos Ribeiro, o Toninho. Atualmente o processo está na fase de instrução com os depoimentos das testemunhas de defesa.

A equipe de reportagem tentou contato com o juiz Glaucenir Oliveira, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.