Verônica Nascimento, Jonatha Lilarge e Jane Ribeiro
22/05/2018 09:21 - Atualizado em 23/05/2018 16:35
Cinco pessoas foram presas, na manhã desta terça-feira (22), na operação “Fila de Espera”, na área central de Campos. Dois homens e três mulheres são suspeitos de participarem de um esquema de venda de vagas na fila do SUS para agendamento de consultas e exames no Hospital Álvaro Alvim (HEAA) e Hospital dos Plantadores de Cana. Devido à ação do grupo, pacientes que precisavam agendar consultas e exames médicos eram prejudicados. A operação é fruto de uma parceria entre a Polícia Civil e o Ministério Público. Durante coletiva, o promotor Fabiano Rangel e o delegado titular da 134ª Delegacia de Polícia do Centro, Geraldo Rangel falaram sobre as investigações e como agia a quadrilha. Tiveram prisão provisória decretada Antônio Sérgio Pessanha Moço, Débora Ribeiro Alves, Welton Gomes Martins, Maria de Fátima da Silva Freitas e Marluce Emília Dias Pereira. Fabiana dos Santos Pires está foragida.
— As investigações duraram um ano, até que fossem identificados os que queriam lucrar com a venda de lugares na fila da unidade hospitalar. O esquema, que seria comandado por um casal, contava com uma rede de envolvidos. Uma pessoa era selecionada para ficar na fila de marcação e informava aos que chegavam posteriormente, um falso número de pacientes que estariam à espera do atendimento. Um casal é apontado como o cabeça do esquema e agia em cima de pessoas mais necessitadas e cobravam em média de R$ 50 a R$ 200 por ficha e dependia da complexidade do exame e ainda usavam de ameaças e agressões — informou o promotor.
O esquema, segundo o delegado Geraldo Rangel, funcionava durante a madrugada e há indícios de participação de pessoas ligadas a Saúde de Campos e até de políticos. O delegado explicou que os mentores colocavam papelão no chão e os moradores de rua ficavam vigiando os lugares. Eles eram utilizados como marcadores de lugares. Com isso, muitos que aguardavam, principalmente idosos, não conseguiam ser atendidos a tempo. Os cinco suspeitos foram levados para a 134ª DP (Centro).
— Hoje, nós fizemos uma operação que visa desarticular essa quadrilha que vendia vagas nos hospitais da cidade. Eles se aproveitavam dos momentos de fragilidade das pessoas para conseguir vantagem econômica. Foram seis mandados de prisão. Conseguimos cumprir. Essas pessoas estão respondendo pelos crimes de concussão, que é o ato de exigir para si ou para outrem, direta ou indiretamente vantagem indevida e, por organização criminosa. Sabíamos que essa atividade já vinha acontecendo há algum tempo e, então, foi aberta uma investigação. Só que não termina por aqui, o inquérito ainda não foi fechado — informou o delegado.
Em nota, o Hospital Escola Álvaro Alvim afirmou que "repudia totalmente estas atividades ilegais de venda de vagas. O hospital não é responsável pela marcação de consultas e apenas abriga o posto de atendimento. O HEAA sempre buscou colaborar com estes órgãos e parabeniza a bem sucedida operação feita por agentes do GAP, Ministério Público Estadual e Polícia Civil".