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Paredes pichadas na Uenf
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Paredes pichadas na Uenf
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Paredes pichadas na Uenf
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Paredes pichadas na Uenf
Paredes do prédio da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) foram pichadas como forma de protesto contra o presidente Michel Temer e as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completaram dois meses nessa segunda-feira (14). Pichar é crime previsto no artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais e prevê pena de detenção de 23 meses a 1 ano, além de multa. A suspeita é de que as pichações tenham sido feitas também na segunda. A reitoria da instituição de ensino, que foi informada sobre o ato na manhã desta terça (15), relatou dificuldade para identificar os envolvidos.
As pichações, que fazem menções, também, à Ditadura Militar, aconteceram no Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB), que é um local destinado ao ensino, à pesquisa e à extensão nas diversas áreas relacionadas às ciências biológicas. Centenas de alunos frequentam o prédio todos os dias.
O reitor da Uenf, Luís Passoni, afirmou que entende o pensamento dos pichadores, mas disse, também, que a pichação não deve ser praticada. “Não pode acontecer esse tipo de ação. O campus vai ficando feio com esses atos. Embora eu compreenda essa necessidade de a juventude se manifestar — e, muitas vezes, de maneira bastante enfática —, a gente tem que preservar a integridade do campus. Nós temos, inclusive, algumas experiências de grafites que foram feitos. Alguns até de protesto, mas são grafites bonitos, que ajudam a dar vida e cor para o campus. Esse tipo de pichação vai no sentido contrário. Não é o mais indicado”.
Passoni também falou sobre a dificuldade de aplicar punição para os responsáveis pelas pichações. “O problema é conseguirmos constatar a autoria. A gente não tem o registro do momento em que aconteceu. Hoje (terça-feira) de manhã, o pessoal percebeu isso. Agora, nós estamos estudando a situação para ver se devemos abrir uma sindicância ou não em função dessa possibilidade de identificar o autor”, disse.
Professor de Ciência Política da Uenf, Hamilton Garcia acredita que qualquer opinião é válida, mas a pichação é um ato exagerado e errado. “Poderiam ter usado cartazes para expressar suas opiniões porque não danifica o patrimônio. A tendência é ter que pintar mais cedo o prédio. Temos mural em vários locais para que possam se manifestar. É o espírito da época que entende que pichar não é um problema, mas é um equívoco. Em um outro local, fizeram painéis. Pichar é um negócio feio, que suja”, disse.
Estudantes com opiniões contrárias
Aluno do curso de Administração Pública, Gilberto Gomes, diretor de formação política do Diretório Central dos Estudantes (DCE), disse que toda forma de manifestação, desde que não haja depredação do patrimônio público, é válida.
— A gente compreende que a situação política do país tem deixado os ânimos de todos os lados à flor da pele. As pessoas querem se expressar e achar vias para fazer isso. Sabemos que existem outras maneiras, mas essa é uma das maneiras populares de protesto. Nesse caso, na minha opinião, não houve depredação, mas tiveram o intuito de sujar. É uma forma de manifestação pacífica, e, ultimamente, estamos carentes de atos pacíficos, já que as pessoas estão querendo resolver tudo com agressividade — comentou.
Outro estudante que se posicionou sobre o caso e diz repudiá-lo foi Gabriel Marques, que cursa Engenharia. Para ele, este é mais um ato de vandalismo que só prejudica a própria instituição. “Alguns dizem que é uma forma de se expressar, mas eu acho totalmente errado. Nós queremos uma universidade limpa e não com sujeiras ou pichações pela parede. Independentemente da situação, devemos agir com cautela e respeitar nosso patrimônio”, afirmou.
Um funcionário da instituição, que não quis ter o nome divulgado, declarou que os autores devem refletir e pensar melhor no que fizeram. “Vemos atos de vandalismo na rua e muitos são até piores do que esses. Mas nem por isso devemos achar que a pichação é apenas uma forma de se manifestar, porque suja a parede e faz parecer um ambiente feio. Não sei se foram estudantes ou se foi alguém de fora, mas eles sabem que erraram. Espero que reflitam e não voltem a fazer isso”, disse.
Vigilância na Uenf
Alvo de furtos há alguns meses, a Uenf voltou a ter sistema de vigilância no dia 20 de abril. A universidade ficou dois meses sem vigilantes e teve um grande prejuízo depois que bandidos invadiram a instituição e levaram alguns equipamentos. Apesar de os seguranças trabalharem 24 horas por dia, nenhum suspeito de ter feito a pichação foi identificado.