A Feira da Roça da praça da República, atrás da rodoviária Roberto Silveira, voltou a lotar nesta terça-feira (29), reflexo do desabastecimento de supermercados, hortifrútis e feira livre do Mercado Municipal. Esta semana, excepcionalmente, além dos tradicionais dias de funcionamento, às terças e sextas, os feirantes aceitaram trabalhar também na segunda (28) e na quarta (30) para ajudar a suprir parte do abastecimento local de verduras, legumes e frutas.
— Tem sido um verdadeiro sucesso. Além do movimento bem acima do normal registrado na última sexta-feira (25), tivemos boas vendas na segunda e esperamos o mesmo para a quarta. Às terças e sextas o bom movimento já é garantido, mas com esse desabastecimento geral, o aumento foi surpreendente. A feira livre do Mercado Municipal mudou pra cá — observa o superintendente municipal de Agricultura e Pecuária, Nildo Cardoso.
Nas mais de 100 bancas de pequenos produtores rurais montadas ao longo da calçada da praça, uma grande variedade de produtos com preços considerados normais para o quadro atual. “Temos jiló a R$ 2 o quilo, quiabo e aipim pelo mesmo preço. Estamos respeitando o freguês”, disse a produtora Conceição Almeida, 63 anos, da localidade de Sabonete, no 5º distrito de São João da Barra.
Há mais de 20 anos na feira, a produtora Edméia Rodrigues, 45 anos, vendeu mais de 100 quilos de aipim em pouco mais de uma hora, com a ajuda do companheiro Itamar Mendes, 48. Dona de um lote no assentamento Zumbi 4, em Campelo, ela criou quatro filhas com a ajuda da renda obtida na feira. “Não tem um metro quadrado de meu lote de 2,5 alqueires sem plantação. Cultivo mais de 10 diferentes produtos”, disse Edméia.
Quem enfrentou dificuldades para abastecer a dispensa e a geladeira nos últimos dias respirou aliviado. “Comprei o máximo que pude, já que nos supermercados e hortifrútis as prateleiras estão vazias”, explicou o autônomo Guilherme Ribeiro, 35 anos. “Frequento essa feira há mais de cinco anos e também indico aos amigos”, completou a professora Tatiane Andrade, 33.
No espaço, além de legumes, verduras e frutas, havia grande variedade de queijos, biscoitos e até peixes. “Temos hoje aqui apenas pequenos produtores rurais, vendendo diretamente ao consumidor, produtos de qualidade comprovada, sem o uso de agrotóxicos”, afirma o presidente da Associação dos Produtores Rurais da Feira da Roça (Aprofer), Jurandir Pereira Neto.