Amigos: Yve Carvalho de cada um
Dora Paula e Mário Sérgio Junior 26/05/2018 22:34 - Atualizado em 29/05/2018 16:04
Palco. Luz. Silêncio. Yve Carvalho está em cena para o último ato. Não deixou tempo para despedida. O assovio no final da cena ficou preso na garganta. O ator campista, com pé na Baixada, com a praia de Farol de São Thomé como pouso, faleceu no início da tarde desse sábado (26), no Hospital Ferreira Machado, aos 54 anos, de insuficiência renal. A notícia pegou de surpresa os amigos de vida e da cena artística. A amiga, Cristina Lima, também presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), o classifica como um dos melhores atores de Campos. Não dá para falar de Yve sem lembrar da relação amigo-irmão-camarada do também ator e poeta, Kapi — que também é saudade. Quem o conheceu de perto é fácil imaginar sua voz quando pronunciou: “Tenho muito orgulho da minha origem goitacá”.
Rafael Diniz
Rafael Diniz / Folha da Manhã
ta tristeza que recebi, hoje (ontem), a notícia do falecimento do querido amigo Yves Carvalho, um dos melhores atores que conheci. A classe artística perde porque ele foi um apaixonado pela arte, pelo teatro e, com a sua experiência, contribuiu para a formação de muitos atores. Desde o ano passado, ele dava aulas no curso livre de teatro da prefeitura e esteve presente em momentos importantes da cultura. Uma grande perda!”
Cristina Lima - presidente da FCJOL
“Yve Carvalho era um dos melhores atores de Campos. É uma perda muito grande para todos nós, seus amigos e seus familiares. Deixa um legado artístico nessa planície, da qual dizia ter orgulho pela origem goitacá. Posso dizer que com sua experiência contribuiu para a formação de muita gente, como no curso livre de teatro, onde dava aulas atualmente. Uma grande lacuna para a arte”.
Luiz Fernando Sardinha — psicólogo e ator
“Partiu Yve Carvalho, vai cedo e deixa saudades, na bagagem leva um currículo digno de nota, não passou por essa vida sem ser percebido, carregava em seu cerne o inconformismo de todo bom ator. Campos deve a ele o reconhecimento por tudo que fez em prol das artes cênicas, tinha encantamento pelo palco e fazia desse espaço um local para o qual carregava os conflitos existenciais, era lá seu campo de batalha”.
Orávio de Campos Soares — professor e dramaturgo
“Estou muito sentido com o passamento do ator Yves Carvalho. A dramaturgia campista fica mais pobre, ainda. Lembro que sua iniciação aconteceu no Teatro Experimental do Sesc, no qual tive a honra de dirigir seus passos em várias montagens, inclusive na vitoriosa temporada do Auto Do Lavrador. Campos, que ainda lamenta o passamento da atriz Lena Gomes, agora chora a passagem do ator e diretor Yves. Que os deuses o recebam em sua glória”.
Carlos Alberto Bisogno — cineasta
“Esse ano faz 10 anos que realizamos nosso primeiro filme juntos (Efígie, 2009). Cheguei a ele como um jovem e empolgado desconhecido, propondo-lhe protagonizar um curta, e ele me acolheu com seus anos de experiência teatral como seu primeiro diretor cinematográfico. Foi uma parceria bela e instigante na qual testemunhei a intensidade de sua alma de ator. Ele sempre estará entre nós na memória de seu olhar arrebatador”.
Lucia Talabi — atriz e superintendente de Igualdade Racial de Campos
“Estou perdendo um irmão e o teatro perde um grande artista. Totalmente empenhado em tudo que fazia, sem dúvida a classe artística também sente essa perda. Lembro que na década de 80 atuamos juntos em ‘A justiça é cega, feita com quem enxerga’, peça de José Sisneiros, e no ‘Auto do Ururau’, também de Sisneiros que ganhou o prêmio Shell em 2005”.
Adriano Moura – autor teatral e professor
“Yve era um ator e sujeito com uma assinatura muito particular para atuar e lidar com o mundo. Como todo grande artista que parte, deixa uma luz a menos na ribalta da cidade. Quem o viu atuando (Pontal, Meu Querido Diário, Auto do Ururau) sabe da potência que ele tinha”.
Pedro Fagundes — gerente de Artes e Ofícios do Trianon
“É uma grande perda para a classe artística de Campos. Yve esteve trabalhando na gerência do Trianon até o momento em que precisou ficar internado. Uma pessoa que sempre tinha muito a acrescentar enquanto professor, enquanto artista, uma pessoa engajada. A gente termina esse ciclo de vida dele, mas com um legado incrível”.
José Sisneiros — diretor de teatro
“Conheci Everaldo, depois ele passou a se chamar Yve Carvalho. Vi crescer. Uma pessoa muita intensa. Uma pessoa ótima, que tive oportunidade de conhecer e conviver. É uma perda para a cidade de Campos e para todo o teatro. A mim, em especial, vai deixar saudades”.
Fernando Rossi - diretor do Teatro de Bolso
“Cerimônia do adeus. Faltam palavras para definir o artista Yve Carvalho. Intenso. Visceral acima da média. Humilde. Estudioso. Total entrega aos seus personagens. Tenho o orgulho de fazer parte de sua brilhante trajetória. Hoje ficamos mais tristes. Hoje ficamos mais pobres”.
Thereza Christina Cruz — professora
“Minha relação com Yve vem desde a juventude. Hoje (ontem), perco um grande amigo e um irmão na vida. A primeira vez que fiz teatro foi com Yve Carvalho. É um ator conhecido e apaixonado por representar. Dedicou sua vida ao teatro. A cidade de Campos perde um ícone”.
Adriana Medeiros — atriz
“Conheci Yve entre 83 e 84, na nossa mocidade. Uma pessoa cheia de sonho, que saiu de Campos para buscar seus objetivos, mas retornou à cidade e realizou muitos trabalhos memoráveis. Aprendi muito com ele e sempre me lembrarei de tudo que passamos juntos”.

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