Philip Roth morre sem ter um Nobel
23/05/2018 18:11 - Atualizado em 25/05/2018 18:02
Philip Roth
Philip Roth / Divulgação
O escritor americano Philip Roth, um dos ícones da literatura dos Estados Unidos do século XX, morreu nesta terça-feira (22), aos 85 anos.
O premiado romancista, autor de mais de 30 livros, morreu em um hospital em Nova York de insuficiência cardíaca, informou o seu agente literário, Andrew Wylie.
Roth conquistou praticamente todos os prêmios literários relevantes em mais de 60 anos de carreira. Morreu, no entanto, sem o Prêmio Nobel de Literatura, para o qual foi considerado favorito em diversas ocasiões.
Nascido em 1933 na cidade de Newark, Nova Jersey, em uma família judaica, Roth teve sua obra associada a esta comunidade. Muitos de seus romances refletem as questões de identidade dos judeus dos EUA, o que o vincula a outros autores como Saul Bellow, laureado com o Nobel de Literatura de 1976, e Bernard Malamud.
Roth era ateu e se considerava antirreligioso. Seus relatos provocadores sobre a moral pequeno burguesa judaico-americana, sátiras políticas, reflexões sobre o peso da história, ou mais recentemente sobre o envelhecimento, ficam com frequência na fronteira entre a autobiografia e a ficção.
Ele é conhecido, sobretudo, por seus romances, embora também tenha escrito contos e ensaios. É dono de um estilo realista, direto e irônico. Parte da sua obra explora a natureza do desejo sexual e a autocompreensão.
A marca registrada da sua ficção é o monólogo íntimo “O complexo de Portnoy”, livro que lhe rendeu fama mundial. Nele, o jovem protagonista fala ao seu psicanalista, sem qualquer reserva, sobre a sua obsessão pela masturbação e o relacionamento com a mãe possessiva, os Estados Unidos e o judaísmo.
Representantes da comunidade judaica consideraram que o romance estava impregnado de antissemitismo. Outros enxergaram pura e simplesmente pornografia. Mas o fato é que ele mudou a cara da literatura norte-americana, derrubando barreiras entre a comédia e a alta literatura. (A.N.)

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