“Apesar de parecer, para alguns, uma história simples, acho o contrário. A história faz com que o final, mesmo a gente já sabendo o que acontece, por conta do spoiler dado pelo título do filme, ainda tenha interesse para quem está assistindo”. O relato é do advogado e publicitário Gustavo Oviedo e foi feito logo após os créditos de “Um Condenado à Morte Escapou” (Un Condamné à Mort s’est Échappé, 1956), do diretor francês Robert Bresson, exibido na quarta-feira (16) no Cineclube Goitacá, com entrada gratuita.

O filme exibido é baseado na história de André Devigny, um militar que fez parte da resistência francesa durante a ocupação nazista, na Segunda Guerra Mundial. Na trama, Fontaine (François Leterrier), ativista da resistência francesa, é preso pelos nazistas. Condenado à morte, ele passa o tempo planejando sua fuga, até o momento em que ganha um companheiro de cela, que vira um aliado em seu plano.

Antes do filme de Bresson, Oviedo exibiu uma cena do filme “O Último Magnata” (The Last Tycoon, 1975), de Elia Kazan. No trecho, o personagem vivido pelo ator Robert de Niro, um grande produtor de Hollywood, dá uma pequena “aula” sobre como fazer cinema.

— Essa cena tem a ver com o que Bresson coloca neste filme. A essência do cinema é captar a atenção do espectador e fazer com que ele se pergunte: “O que acontece agora?”. E isso acontece com “Um Condenado à Morte Escapou”. Também gostaria de destacar que o titulo é um spoiler, mas, com isso, Bresson quer nos dizer que o importante não é o final da história, mas a forma como ela é contada — disse.

Ainda antes de exibir “Um Condenado à Morte Escapou”, o apresentador falou sobre características de Robert Bresson.

— Ele se caracteriza por ser muito austero, seco. Mas há uma questão em seus filmes: quando você sabe manejar os instrumentos que você trabalha, a obra em si parece fácil. E é isso que acontece. O longa parece ser simples, mas ele é menos simples do que parece, porque este diretor faz o seu trabalho parecer fácil. E interessante que Bresson deixa de lado tudo aquilo que, na concepção dele, é supérfluo, que não faz parte da história, e deixa somente o essencial. É um diretor muito minucioso, que conta passo a passo a história — comentou.