Jhonattan Reis
08/05/2018 17:12 - Atualizado em 10/05/2018 17:00
Com roteiro adaptado de livro homônimo do renomado escritor Graciliano Ramos, o longa-metragem “Memórias do Cárcere” (1984), dirigido por Nelson Pereira dos Santos — falecido recentemente —, estará nesta quarta-feira (9) à noite na tela do Cineclube Goitacá. O drama biográfico será apresentado pelo jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa. A sessão terá início às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
No filme, é contada a fase em que, nos anos 1930, Graciliano Ramos (interpretado por Carlos Vereza), autor de “Vidas Secas”, esteve preso sob ordens da polícia do Estado Novo no Brasil. Isso porque ele fora acusado de colaborar com subversivos. Por isso, é tirado de Alagoas e levado ao presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde convive com diversos personagens da marginalizada população brasileira, de ladrões de galinhas a assaltantes. O longa-metragem é baseado em relato autobiográfico.
Em novembro de 2015, o longa dirigido por Nelson Pereira dos Santos entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Aluysio disse que concorda com a inclusão do filme de Nelson na lista da Abraccine.
— Porém, colocaria esta obra entre os 20 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Geralmente, em listas desse tipo, coloca-se um filme de cada diretor, levando-se em consideração aquele critério geralmente adotado em diversos tipos de festivais, como de poesias, contos, teatro, de diluir prêmios entre várias obras e autores. Escolher uma obra apenas de certos diretores é algo complicado. E Nelson Pereira dos Santos tem “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”, dois grandes filmes. O primeiro filme é marca do Cinema Novo, que traz um caráter muito experimental para o cinema. Já o segundo, é um longa mais palatável para o padrão de hoje — comentou.
Nelson Pereira dos Santos, que assina direção e roteiro em “Memórias do Cárcere”, faleceu no último dia 21 de abril. Ele é considerado um dos mais importantes cineastas do Brasil. “Vidas Secas”, baseado na obra de Graciliano Ramos e dirigido por Nelson, é um dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos, sendo reconhecido como obra-prima.
O diretor foi, em 2006, o primeiro cineasta brasileiro a se tornar membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Além disso, foi um dos precursores do movimento do Cinema Novo, além de ser o fundador do curso de graduação em Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Sobre o trabalho de Nelson, Aluysio destacou:
— Foi um diretor fantástico e que adaptou para o cinema obras de grandes mestres da literatura, como Jorge Amado, Guimarães Rosa, Machado de Assis e Fernando Pessoa. Daí talvez vem o fato de ele ter morrido como imortal da Academia Brasileira de Letras.
O apresentador da noite destacou, ainda, a atuação de Carlos Vereza em “Memórias do Cárcere”.
— É excelente. É a maior interpretação da carreira de Carlos Vereza, e isso é dito não só por mim, mas também pelo próprio e por vários outros críticos. Ele está muito bem no filme, ganhou prêmio de melhor ator dos críticos de São Paulo, sendo que “Memórias do Cárcere” é um filme que tem prêmios nos festivais de Cannes e de Cuba. É uma interpretação antológica de Vereza, num longa que tem cenas muito fortes.