Verônica Nascimento
24/04/2018 15:41 - Atualizado em 25/04/2018 16:18
Explosão no atendimento no Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI), na última semana, aponta para um surto de chikungunya em Campos, e a previsão é de que também aumentem os casos de dengue. Este mês, o CRDI já confirmou cinco casos de chikungunya e quatro de dengue, mas o número de pacientes com suspeita das doenças, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, está aumentando bruscamente, conforme o coordenador do Centro, Luiz José de Souza.
O médico explicou que, como a sorologia da chikungunya só é possível 20 dias após a manifestação da doença, os casos suspeitos passarão, a partir de agora, a contar na estatística do município.
— Pacientes com sintomas leves e moderados requerem atendimento ambulatorial e não há como não fazer os exames neles, mas a sorologia da chikungunya será reservada aos pacientes com sintomas mais severos, que precisam de um acompanhamento maior, de internação. Com o aumento dos casos, vamos trabalhar a estatística, além dos casos confirmados, com os casos suspeitos, notificados com base no exame clínico-epidemiológico — contou Luiz José.
No primeiro trimestre deste ano, o número de casos de chikungunya quase triplicou no estado do Rio. Em Campos, a doença ficou praticamente sem registro nos dois últimos anos. “Tivemos várias epidemias de dengue, com os quatro sorotipos, e a maior parte da população já teve a doença. Depois veio a zika com a chikungunya e tivemos nova epidemia. Em 2017, tivemos menos casos da chikungunya, e tanto o CRDI como a secretaria Estadual de Saúde esperavam um aumento dos casos em janeiro deste ano, o que não ocorreu. Admitimos que a vacina da febre amarela pode ter gerado uma imunização provisória para a chikungunya. Não foi uma imunização definitiva e, agora, os casos estão aumentando não só em Campos, mas também em São Fidélis, na região metropolitana do Rio, em outros municípios e até estados. O alerta é mais para a chikungunya, mas esperamos aumentos no número dos casos de dengue também”, falou o médico.
Estrutura para o atendimento — O coordenador do CRDI tem reunião agendada, na próxima quinta-feira (26), com a secretária de Saúde, Fabiana Catalani. “Nesta terça-feira (24), com três médicos no Centro de Referência, foi difícil atender todo mundo porque o movimento foi muito grande. Estamos trabalhando com número reduzido de pessoal, de técnicos-administrativos. Teremos de abrir o auditório do Hospital Plantadores de Cana porque o espaço no CRDI não é suficiente. Vamos levar essas necessidades à secretária de Saúde, pois precisamos organizar o atendimento não só no CRDI, como na rede privada. Essa explosão de pacientes com sintomas da chikungunya é sinal de surto”, concluiu o Luiz José.
Embora a letalidade da doença seja considerada baixa, em torno de 1%, a chikungunya apresenta, em cerca de 30% dos infectados, complicações como dores articulares crônicas, que podem se prolongar por semanas, meses e até anos, prejudicando ou mesmo incapacitando a pessoa ao trabalho. No combate a um surto, a secretaria de Saúde de Campos orienta que a população não deposite resíduos em locais inapropriados, o que pode gerar foco do mosquito transmissor, principalmente em períodos mais chuvosos. O departamento de Vigilância em Saúde informou que as equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) continuam realizando trabalhos em diversos bairros do município, combatendo a proliferação dos focos do transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti em 2018: