Menina de 1 ano é salva por policiais militares na Baixada Campista
Daniela Abreu 19/04/2018 21:45 - Atualizado em 21/04/2018 11:42
Família esteve no MP para agradecer aos agentes
Família esteve no MP para agradecer aos agentes / Divulgação
“Quando fui em direção àquela menina e a vi na mesma situação que um dia eu vi a minha filha, sem respirar, com as vias completamente obstruídas, eu orei a Deus e pedi que me desse força. Pedi que eu não visse outra criança falecer”, disse o sargento da Polícia Militar Alexandre Rosa Dias, que participou, ao lado do sargento José Carlos Viana Barbosa Júnior, na última sexta-feira (13), do salvamento da pequena Anna Lu Soares, de apenas um ano e sete meses, na localidade de Correnteza, na Baixada Campista, que sofreu uma convulsão e parou de respirar. Alexandre perdeu a filha com a mesma idade há cerca de seis anos em situação semelhante e, nessa quinta-feira (19), não conteve a emoção ao reencontrar a criança, mãe dela, Ana Paula Soares, e a avó, Marcilene Soares, que foram até o Ministério Público Estadual, onde os militares são lotados no Grupamento de Apoio à Promotoria (GAP).
Alexandre contou que estavam em diligência na estrada de Espinho Preto, em Correnteza quando ouviram gritos de mulheres. Na sequência, eles viram a menina, já desmaiada, nos braços da avó. “Nem eu, nem o colega, esperávamos uma situação dessas. Várias pessoas na rua gritando e pedindo socorro”, contou Viana.
Os policiais disseram que a localidade não conta com transporte público desde dezembro do ano passado e que também não tem posto de saúde. “O pessoal falou que o socorro mais perto ficaria em Baixa Grande. Para ir para lá, de Correnteza, preferi levar direto para o Hospital São José (Goitacazes), para onde ela seria encaminhada”, acrescentou o sargento Viana.
Enquanto o amigo dirigia, mãe e avó estavam tensas no banco de trás, onde Alexandre não desistia de salvar a menina.
— Já no carro eu continuei fazendo massagem e quando fiz a respiração de novo ela começou a chorar. Comecei a chorar junto com ela. Não consigo expressar o quão gratificante foi para mim saber que Deus, ali, limpou meu coração, porque eu ainda tinha um sentimento de culpa com relação à minha filha, achando que poderia ter a socorrido antes. Acho que Deus deixou passar tudo isso. Aquela menina passar por esse tempo todo para mostrar que Ele é dono de tudo —, disse o policial e pai que perdeu a filha, com aproximadamente a mesma idade, também por causa de uma convulsão, e em um hospital particular de Campos, com todos equipamentos para salvá-la à disposição. “Mesmo distante de tudo, sem recurso, sem nada, só precisou de um instrumento, que acredito que foi a gente”, acrescentou.
Viana, amigo de trabalho de Alexandre, e herói daquela família, confirma a história que uns chamam de acaso e outros atribuem à divindade. “Eu fiquei muito emocionado. Deus coloca a gente nos lugares na hora certa. A diligência era minha e eu chamei o colega de apoio. Naquele dia eu não iria para lá, mas resolvi ir e chamei o colega que conhece a área. Tivemos dificuldade de chegar no local e demoramos a chegar. Se tivéssemos chegado antes, talvez não tivéssemos presenciado o fato”, registrou o sargento Viana.
Em nota, a Prefeitura informou que “o sistema de transporte coletivo está passando por um processo de reestruturação na Baixada Campista (...) para ampliar a oferta para melhor atender à população”
Já sobre o atendimento médico, a secretaria municipal de Saúde (SMS) “esclarece que na localidade de Correnteza há uma Unidade Básica de Saúde (UBS) com funcionamento de segunda a sexta, de 8h até as 17h. Nos demais períodos, a comunidade local pode buscar atendimento na UBS de Baixa Grande, que funciona 24h com urgência e emergência. De acordo com o Departamento de Transporte da SMS, a ambulância da unidade de Correnteza atende 24h e ainda há outro veículo de socorro, próximo, na localidade de São Martinho”.

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