Exoneração de diretora de escola causa revolta de alunos e pais em Campos
Verônica Nascimento 06/04/2018 11:26 - Atualizado em 09/04/2018 17:02
Exoneração de diretora gerou protesto
Exoneração de diretora gerou protesto / Paulo Pinheiro
Professores e demais funcionários da Escola Municipal Etelvira Martins, no km 13, cruzaram os braços nesta sexta-feira (6) e afirmam que 333 alunos da localidade e também de Mututu, Campelo, km 14 e Canaã ficarão sem aulas até que a secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece) de Campos explique o motivo da exoneração da diretora Célia Silva Gomes Muniz, publicada nesta sexta no Diário Oficial do Município.
Exoneração de diretora gerou protesto
Exoneração de diretora gerou protesto / Paulo Pinheiro
— Nossa diretora tem 33 anos de Prefeitura, com duas matrículas nesta escola, e foi eleita em 2015 pela comunidade escolar. Com todas as dificuldades, como falta de material pedagógico, de limpeza, merenda, com RPAs sem receber, a diretora, com a ajuda dos pais e professores, conseguia manter a Etelvira como escola modelo, obtendo média superior à média estipulada no Prova Brasil por dois anos consecutivos. Então, qual o motivo da exoneração? Funcionários, pais e alunos estão revoltados. Não retomaremos as atividades até que ela seja renomeada — afirmou a coordenadora pedagógica Rosete da Silva Benevides Santos.
O professor Henrique Coutinho da Silva falou da dedicação da diretora. “O prefeito Rafael Diniz, quando era vereador, lutou pela eleição de diretores nas escolas e, no governo dele, até hoje sem eleição e exoneram, sem nenhum aviso ou explicação, uma diretora que é da comunidade e respeitada por todos. Por que não faz eleição e deixa os professores, os alunos maiores e os pais de alunos decidirem quem será a diretora? Se fosse uma diretora que não se dedica, mas Célia está presente todos os dias, sendo a primeira a chegar e a última sair da escola todos os dias. Queremos uma explicação da secretaria de Educação para a exoneração dela e que ela seja renomeada ou haja eleição para diretor — afirmou o professor.
Protesto - Pais de alunos se aliaram a funcionários e se propõem a repetir a manifestação, até que haja um posicionamento da Prefeitura de Campos, mesmo com os filhos sem aulas.
Leide Carla Clemente Azeredo Mesquita é mãe de Marcilene, de 9 anos, aluna do 4º ano na Etelvira Martins. O outro filho, Marcilel, de 16, também estudou na escola. "Na época do meu filho, eu inclusive votei em Célia para diretora. Aqui, quando faltam as coisas, ela dá um jeito e mantém tudo organizado. Agora vai virar bagunça. Fizemos um abaixo-assinado, pedindo o retorno da diretora e um esclarecimento, porque, do nada, quando trouxemos nossos filhos pra escola hoje (sexta-feira) de manhã, ficamos sabendo da mudança. Todos gostam de Célia, então, que façam, pelo menos, outra eleição, porque ela vai ser eleita de novo".
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— Minha filha, Andreza, entrou este ano na escola, mas meu marido e minhas cunhadas estudaram aqui, e já com a Célia. Todos só elogiam a diretora. Achei uma injustiça tirarem ela, porque trabalha aqui há muitos anos e, como mãe de aluna, estava muito satisfeita com Célia na direção — complementou Elizângela Gomes Dias da Silva Paz.
E, segundo os professores, a paralisação, que começou nesta sexta, vai continuar. "Nós, professores, administrativos, pessoal do apoio, todos os funcionários, vamos continuar de plantão na escola, nos dois turnos, mas não haverá aulas. Avisamos aos pais para não trazerem os filhos e nos apoiaram nessa decisão. A gente quer a Célia de volta na direção. A competência dela é mil. São 33 anos de trabalho nesta escola e 33 anos não são 33 dias. Vamos parar a escola e, se for preciso, faremos outros protestos”, concluiu a professora Sueli Vieira.
Em nota, a secretaria municipal de Educação, Cultura e Esporte (Smece) informou que "a mudança de gestores nas unidades de ensino atende às necessidades de cada escola ou creche, com critérios pedagógicos e administrativos, sempre buscando o melhor para a rede". Em relação às eleições diretas para diretores das unidades, a Smece declarou que o projeto, que está em fase de conclusão, será enviado para votação na Câmara de Vereadores. 
"As regras foram elaboradas com o auxílio de um grupo de cientistas políticos do IFF e Uenf, em consonância com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) e com a realidade da Educação de Campos. Esta será a primeira vez que Campos terá uma eleição direta para diretores envolvendo toda comunidade escolar: professores, alunos e pais de alunos, totalizando mais de 60 mil eleitores, uma eleição bem maior do que a da maioria dos municípios do Brasil", explicou a secretaria, informando também que, quanto à paralisação dos professores na parte da tarde, "as aulas terão que ser repostas para que não haja prejuízo aos estudantes".

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