Matheus Berriel
30/04/2018 17:28 - Atualizado em 02/05/2018 19:32
Na próxima quinta-feira (3), o advogado e articulista da Folha da Manhã, Geraldo Machado, lançará seu primeiro livro, “Escritos à toa”, na Casa do Advogado, sede da 12ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da qual ele já foi presidente, em Campos. O evento está marcado para as 18h, no auditório Dr. Hécio Bruno. Entre os diversos textos que compõem o trabalho, estão vários publicados em edições da Folha. O livro custará R$ 40.
— Não acho que eu tenha um estilo literário definitivo. Não sou contista, não sou romancista, não sou ficcionista, não sou poeta, enfim, eu sou um articulista da Folha da Manhã, porque a Folha da Manhã é a minha segunda casa. O primeiro número já começou com um artigo meu, por insistência de Aluysio Cardoso Barbosa, o que não é vantagem, porque ele era meu amigo de infância. Esse livro é um passeio por algumas coisas que aconteceram e estão acontecendo na minha vida, algumas coisas que tiveram importância e alguns valores que eu preservo. Selecionei os melhores artigos que publiquei na Folha, os que mais me retratam, e estou publicando. Escrevi sem pretensão literária alguma. São realmente escritos à toa, de forma despreocupada — disse o autor.
Tamanha despreocupação tem motivo. Os textos escolhidos para a obra são, basicamente, registros saudosistas de Geraldo, que completará 80 anos no próximo dia 30. Como ele mesmo descreveu, “um passeio pela minha própria vida”. Entre tantas lembranças passadas para o papel, algumas merecem destaque, como a “Crônica sem importância”, oferecida aos filhos Vitor e Marta Machado, de 19 e 56 anos, respectivamente.
— Escrevi “Crônica sem importância” e mandei de presente para os dois, no Natal de 2016. Acho que diz muita coisa a meu respeito. Tem outra que falo sobre a minha ascendência. Meu pai era filho de brasileira com árabe. Então, eu me reporto à figura do árabe e seu senso de família. Falo da vida da família curta, eu e o meu filho, vivendo juntos, e das desnecessidades de se ampliar mais. É uma forma de declaração de amor ao próprio filho. Fora algumas coisas que remetem ao passado de Campos, como o bar e restaurante Capital, na pracinha do Rosário, que foi a meca da boemia campista nos anos 1950 e 1960, quando eu varava a noite no Saldanha, Automóvel Clube, Paraíso, essas coisas todas. Aluysio me acompanhou muito nessas jornadas malucas. É até um registro histórico. E tem uma referência à figura do Didi, o mestre da Folha Seca, homenageado como troféu da Folha todo ano. Falo como o Didi foi parar no Rio de Janeiro como contrapeso, no Madureira, vingou e teve sua consagração definitiva (ao ser premiado como o melhor jogador da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, onde foi campeão com a Seleção Brasileira. Ele e a Seleção foram bi em 1962, no Chile) — enfatizou.
O prefácio de “Escritos à toa” é de Francinne Machado Ribeiro, sobrinha de Geraldo e uma das principais referências do Brasil em reumatologia. A orelha do livro foi escrita pelo jornalista Vilmar Rangel, enquanto a contracapa é assinada pelo casal de filhos. “Ambos dizendo quem eu sou. Espero que ninguém acredite (risos)”, brincou.
Além deste lançamento, Geraldo Machado já pensa na realização de outro livro: “Tenho ouvido dizer que muita gente gosta do que eu escrevo para as edições de quarta-feira da Folha. Se gostam, então resolvi colocar no livro, com cuidado para não entrar em polêmicas. Não que eu fuja de polêmicas, mas estou enjoado desse ódio que está se disseminando na sociedade brasileira. Para o final do ano, tenho um projeto com outra forma, de registros históricos da profissão e da vida no Judiciário. Se o livro não for um retumbante fracasso, espero voltar à experiência”.