Matheus Berriel
24/04/2018 18:56 - Atualizado em 26/04/2018 20:57
Na noite desta quarta-feira (25), o publicitário e crítico de cinema Gustavo Alejandro Oviedo estará no Cineclube Goitacá para apresentar o filme “Depois de Horas” (After Hours, 1985). Dirigido pelo norte-americano Martin Scorsese, com roteiro de Joseph Minion, trata-se de uma comédia de humor negro que prende o público aos dilemas do protagonista. O longa-metragem, que tem uma hora e 37 minutos de duração, será exibido às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center. O prédio fica localizado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos.
Amante de cinema há décadas, Gustavo Alejandro Oviedo não teve seu primeiro contato com “Depois de Horas” na telona. Pelo contrário, assistiu pela primeira vez em casa, no final da década de 1980, no Sistema Doméstico de Vídeo (VHS). A escolha para levá-lo ao Cineclube se deve à admiração pelo diretor. “Escolhi o filme porque é, de todos os filmes de Scorsese, o meu favorito, embora eu reconheça que o seu melhor filme seja ‘Os Bons Companheiros’”, diz Oviedo.
Apesar de o trabalho mais famoso de Scorsese ter sido realmente o outro citado pelo crítico de cinema, a forma como conduziu “Depois de Horas” também lhe valeu reconhecimento internacional. Em 1986, ano seguinte ao lançamento, ele foi premiado na categoria melhor diretor do tradicional Festival de Cannes, na França. No ano anterior, já havia levado o mesmo prêmio no Film Independent Spirit Awards, nos Estados Unidos, onde “Depois de Horas” também foi escolhido o melhor filme.
— O diretor costuma lembrar que foi graças a “Depois de Horas” que sua vontade de filmar retornou, depois de tê-la perdido ao fracassar, nessa época, o projeto de realizar “A Última Tentação de Cristo” (The Last Temptation of Christ), filme que finalmente realizaria alguns anos mais tarde (1988). Acho que o diferencial que Scorsese deu a “Depois de Horas” foi o seu ponto de vista único sobre Nova Iorque. A cidade, especialmente o bairro de Soho, é mais um protagonista. Lembremos que o diretor é um novaiorquino apaixonado e já tinha dado provas desse amor em “Taxi Driver” (1976), “New York, New York” (1977), ”Raging Bull” (1980) e “O Rei da Comédia” (The King of Comedy, 1981) — destaca o apresentador da noite.
O filme é praticamente um pesadelo kafkiano, com tom de comédia negra. “Um sujeitinho meio sem graça, analista de sistemas (Griffin Dunne), sonha com que lhe aconteça alguma coisa de diferente na sua vida. Pois é isto o que lhe vem a acontecer, ao longo de uma noite estranhíssima, e rapidamente vai se arrepender de ter saído de sua casa, à qual não consegue retornar. Como aponta Roger Ebert, na crítica que fez ao momento da estreia, o espectador sente o mesmo desconforto diante dos episódios bizarros que acontecem com o nosso herói, sem saber se tem que rir ou se padecer dele”, analisa Oviedo.
Outro grande nome do filme é a atriz Rosanna Arquette. Ela e Griffin Dunne voltariam a trabalhar juntos em 1988, no filme “Le Grand Bleu”, de Luc Besson.