Museu sofre reestruturação
Matheus Berriel 20/04/2018 18:20 - Atualizado em 24/04/2018 18:20
Museu de São Fidélis
Museu de São Fidélis / Matheus Berriel
Na última quinta-feira (19), foi comemorado o 168º aniversário da emancipação político-administrativa de São Fidélis. Já na próxima terça (24), será o dia do padroeiro local, São Fidélis de Sigmaringa. Como parte da programação da tradicional festa, acontece, neste sábado à noite, a reinauguração do Museu Corina Peixoto, que passou por uma longa reformulação e teve um ganho considerável em seu patrimônio. O acervo do museu conta agora com novos itens históricos do Solar do Barão de Vila Flor, prédio onde funciona. O evento deste sábado está marcado para as 20h30, logo após a inauguração da iluminação artística da praça Guilherme Tito de Azevedo e do próprio Solar do Barão de Vila Flor, que recebeu por cinco vezes o imperador Dom Pedro II, entre 1847 e 1883.
O Museu Corina Peixoto foi criado em 2003, anexo à Biblioteca Municipal que leva o mesmo nome, em homenagem à neta do Barão de Vila Flor, ex-residente e responsável pela doação do prédio à municipalidade, em 1957. De acordo com a história, foi justamente para obter o título de barão que João Manoel de Souza construiu a casa, dentro de apenas duas semanas, com o objetivo de hospedar Dom Pedro II em sua primeira visita a São Fidélis. A proximidade entre o Barão de Vila Flor e o imperador também teve papel decisivo no desenvolvimento local.
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— O João Manoel de Souza morava na Fazenda de São Benedito, a primeira fazenda a possuir um jornal, a primeira a ter uma banda musical na província de Campos e região. Ele aboliu os escravos em 1866, antes da Lei Áurea. Com os escravos, formou a banda. Enfim, em uma das visitas de Dom Pedro II a São Fidélis, ele foi com o imperador ver a paisagem próxima à Igreja Matriz, e falou: “Uma bela paisagem para se tornar uma grande vila”. E Dom Pedro II, segundo a história, sorriu para ele e disse: “E será”. A partir de 19 de abril de 1850, São Fidélis virou a Vila de São Fidélis de Sigmaringa. Para se tornar vila, era necessário haver uma Câmara e uma Cadeia. Com dinheiro da própria população, ambas foram construídas onde hoje funciona a Prefeitura. A parte de baixo ficou sendo a Cadeia, e a de cima, a Câmara — contou o professor e secretário de Cultura fidelense, Ely Correia, responsável pelo museu original e pela reformulação.
Ainda em 2003, com autorização de familiares, os restos mortais do Barão e da Baronesa de Vila Flor, Maria Balbina de Siqueira e Souza, foram levados do Cemitério Público Municipal para uma lápide na sala principal do museu. Atualmente, o prédio é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), bem como a ponte metálica que liga o Centro à Ipuca, a Igreja Matriz e a Biblioteca Municipal. Desta forma, o órgão foi informado e autorizou a reformulação, sem causar danos ao patrimônio.
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O novo museu conta com quatro cômodos, sendo eles: a sala principal, com uma mesa original do Solar do Barão de Vila Flor, livros e outros objetos da época; o quarto do Barão e da Baronesa de Bila Flor, montado com a cama e outros móveis originais, doados por familiares do casal; o quarto de Corina Peixoto, onde há uma cama que já serviu de conforto à Princesa Isabel; e uma sala com um painel de fotos e objetos dos índios Coroados e Puris, os primeiros habitantes do município, e de fidelenses ilustres como o pintor Oscar Pereira da Silva, entre outros.
— Estava muito tumultuado. As pessoas chegavam à biblioteca, vinham visitar o museu e viam as coisas muito misturadas. Você começava a falar do Barão de Vila Flor e, de repente, misturava com outras personalidades fidelenses. Então, fizemos uma longa pesquisa, buscamos outras peças históricas e reorganizamos o espaço, de forma que fique mais fácil de entender e valorizar a história. Obviamente, não está exatamente como a casa em si, porque o Barão e a Baronesa tinham quartos enormes. Fizemos um memorial para que os estudantes e outras pessoas tenham conhecimento da história — destacou Ely Corrêa.
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A revitalização do museu foi assinada pela designer de interiores Irenides Werneck. Em seu trabalho, foram usados papeis de parede, cortinas clássicas e lustres, no intuito de deixar o espaço atual bem próximo à realidade de quase dois séculos atrás. Três manequins foram preparados no Rio de Janeiro para representar o Barão, a Baronesa e Corina Peixoto. No quarto de Corina, destaca-se um saquinho com confetes de ouro, que eram jogados durante os antigos carnavais.
— Devido ao recebimento do convite, entre tantos colegas competentes, me senti honrada por fazer parte dessa viagem, que chamo de viagem na história da história. Depois de pesquisas, muitos estudos, junto com minha projetista, a estudante de engenharia Tamyres Kiffer, aceitamos esse desafio. Tentamos trazer de volta o que era a casa do Barão, embora as informações não fossem tão grandes assim. Tivemos muita ajuda da família, dos descendentes do Barão, que deram informações e doaram os novos objetos. A gente preservou toda a arte que já existia e, dentro do que foi possível, estou muito satisfeita com o trabalho de revitalização — disse Irenides, que também já morou na Fazenda de São Benedito, antiga residência do Barão.
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