Tendo a programação dos cinemas de Campos nesta semana, que se inicia nesta quinta-feira (5), não há como não indicar “Um Lugar Silencioso” como a melhor opção entre as estreias anunciadas.
Aliás, a crítica observa que os espectadores podem já ter visto direções de John Krasinski antes. O ator dirigiu três episódios da série “The Office” depois de debutar na profissão com “Brief Interviews With Hideous Men”, inspirado no livro homônimo (“Breve Entrevistas Com Homens Hediondos”) e ter seu longa em 2016 (“Família Hollar”). Porém, finalmente vê-se sua capacidade mostrada com elegância no filme “Um Lugar Silencioso”.
O filme é uma das mais corajosas e impecáveis obras de terror dos últimos tempos no mainstream. A direção de Krasinski é o grande destaque, não só por se mostrar extremamente competente com seus enquadramentos, mas pela inteligência com que conduz a trama. Durante o silêncio que banha o filme todo, a movimentação da câmera acompanha tanto a monotonia da ausência de som, como acelera ou, às vezes, simplesmente harmoniza de forma sutil com o pouco que temos de música, som e barulho. Mas não leia monotonia com um olhar negativo. A grande sacada do filme é te prender na cadeira do cinema o tempo todo, só para te ver pular a qualquer ruído.
Muitos filmes de terror se apoiam simplesmente em um som alto para assustar seus espectadores. Às vezes, isso é tudo no filme. O que faz de “Um Lugar Silencioso” destacável é que o roteiro de Bryan Woods, Scott Beck e John Krasinski aproveitam essa ferramenta que antes era de um uso preguiçoso e fazem dela a alma central do filme. Se não é a primeira vez que o susto vindo do barulho é bem justificado, com certeza é a melhor justificativa até hoje. O enredo faz com que você fique preocupado o tempo todo, tenso na cadeira enquanto tenta, junta com os personagens, antecipar situações que podem, em um segundo, destruir todo o esforço de sobrevivência que você assistiu até o momento.
Krasinski também atua no filme, e muito bem. Desde “The Office” sabemos que o ator não precisa de texto para entregar uma performance, mas dessa vez o ator entrega sua melhor performance desde então. Sua química com Emily Blunt, que interpreta sua esposa (e é sua esposa na vida real) é ótima, e resulta também em uma maravilhosa atuação da atriz. O casal faz com que você sinta todo o sofrimento e alegria que vemos na tela. Millicent Simmonds, que interpreta uma filha do casal, também se destaca, mesmo com sua pouca idade, e a experiência de apenas um filme, onde também já havia atuado muito bem.
Como o som é intrínseco para o aproveitamento do filme, fãs de terror não devem perder a chance de vê-lo nas telonas da sala de cinema, de preferência com um som de primeira.
Também entram em exibição nesta quinta-feira os filmes “Com Amor, Simon” e “Covil de Ladrões”. Permanecem em exibição “Nada a Perder — Contra Tudo. Por Todos”, “Jogador Nº 1”, “Pedro Coelho”, “Os Farofeiros” e “Círculo de Fogo: A Revolta”. (A.N.) (C.C.F.)