Em meio à intervenção federal na Segurança Pública no estado do Rio de Janeiro, a vereadora Marielle Franco (Psol) foi morta a tiros, na noite desta quarta-feira, por volta de 22h, no bairro Estácio, Centro do Rio. O motorista do veículo, não identificado, também foi morto. De acordo com a polícia, Marielle voltava de um evento na Lapa quando um carro parou ao lado do veículo na rua Joaquim Palhares e dois bandidos dispararam os tiros.
Uma terceira pessoa, ainda não identificada, também foi baleada no local. Policiais e bombeiros foram acionados e a via foi interditada. A Delegacia de Homicídios (DH) faz a perícia.
"É muito chocante, é muito violento. Ela lutava pela paz e pela Justiça. Tudo indica que não foi assalto. É tudo muito precário e chocante. Em um momento que o Rio está sob intervenção, uma pessoa da importância da Marielle sobre esse tipo de violência e barbárie. Vou pedir uma apuração rigorosa, pois isso não pode ficar no rol dos 90% dos crimes que não são esclarecidos. Ela fazia parte da Comissão da Câmara que fiscalizava a intervenção. Não quero ser leviano, mas isso tem que ser apurado com celeridade. É imprescindível", disse o deputado federal Chico Alencar. "Infelizmente, ela estava incomodando muito", disse uma liderança do Psol, que pediu pra não ser identificada.
"Ela estava muito alegre e animada. Eu ainda bati um papo com ela. Estou surpreso por tudo que aconteceu", disse o vereador Paulo Pinheiro.
Marielle nasceu no Complexo da Maré, era socióloga e foi eleita Vereadora da Câmara do Rio com 46.502 votos. Se formou pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado do deputado Marcelo Freixo. Ela decidiu pela militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes na Maré.
No domingo, Marielle denunciou uma ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari. Segundo ela, moradores reclamaram da truculência dos policiais durante a abordagem a moradores. Ela compartilhou uma publicação em que comenta que os rapazes foram jogados em um valão. De acordo com moradores, no último sábado, os PMs invadiram casas, fotografaram suas identidades e aterrorizaram populares no entorno.
"Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu Marielle.