Apenas 17 dias após se romper e levar poluição a um manancial em Minas Gerais, o mineroduto da Anglo American voltou a registrar um novo vazamento. De acordo com a mineradora britânica, o episódio ocorreu na última quinta-feira (29) às 18h55. A polpa de minério de ferro vazou durante aproximadamente cinco minutos. O rompimento já foi estancado e a empresa paralisou as operações.
Assim como no primeiro episódio, ocorrido em 12 de março, o Ribeirão Santo Antônio foi atingido. No entanto, o abastecimento do município de Santo Antônio do Grama (MG), com população de aproximadamente 4,2 mil pessoas, não deve ser afetado, uma vez que a ocorrência de 17 dias atrás levou a mineradora a instalar uma adutora para captação no Córrego do Salgado.
— As autoridades e órgãos competentes foram avisados imediatamente após identificado o vazamento. A empresa está mobilizando todos os esforços para ação imediata de resposta ao incidente e, tão logo tenha mais informações, divulgará à sociedade — informou a empresa em nota. De acordo com a Anglo American, a polpa de minério é inerte e classificada como não perigosa conforme normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Em decorrência do primeiro rompimento, a secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) deu à mineradora um prazo até hoje para recolher o minério que vazou e sedimentou na calha e nas margens do Ribeirão Antônio do Grama. Além disso, a Anglo American precisará concluir o Projeto de Recuperação da Área Degradada (Prad) e garantir a estabilidade da barragem de emergência, estrutura utilizada para armazenar a polpa de minério quando se faz manutenção no duto.
Na ocasião, a empresa calculou um vazamento de 300 toneladas de polpa de minério. O abastecimento de água da cidade chegou a ser interrompido e a Anglo American precisou disponibilizar caminhões-pipa em um primeiro momento. Paralelamente, em acordo com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), iniciou-se a captação no Córrego do Salgado.
Quando ocorreu o primeiro rompimento, o Porto do Açu chegou a informar que tem minério estocado em seu pátio e o funcionamento não fica comprometido. A não ser que a empresa responsável não consiga resolver o problema imediatamente.
O mineroduto é parte do empreendimento Minas-Rio, que envolve a extração de minério nas serras do Sapo e Ferrugem e o beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG). A estrutura tem 525 quilômetros e é responsável por levar a produção até um porto em Barra de Açu, no município de São João da Barra (RJ), no litoral fluminense. Todo o complexo é apontado pela Anglo American como seu maior investimento mundial.
O rompimento do dia 12 de março também é objeto de um inquérito instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) e de uma ação civil pública onde o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pede o bloqueio imediato de R$10 milhões da Anglo American, com o objetivo de garantir a indenização pelos prejuízos sociais e ambientais. Antes do rompimento, o MPMG também já havia ido à Justiça para denunciar violações de direitos na implantação do projeto Minas-Rio e cobrando R$ 400 milhões para reparação dos danos. (A.N.)