AMA: dedicação aos portadores de autismo
Jane Ribeiro 31/03/2018 19:49 - Atualizado em 02/04/2018 15:45
Dia de Conscientização do Autismo
Dia de Conscientização do Autismo
Estima-se que dois milhões de pessoas apresentem algum Transtorno do Espectro do Autismo, só no Brasil. Apesar de não haver remédio que cure, o tratamento eficiente inclui respeito, informação, tolerância e apoio. É com essa bandeira que a Associação de Pais e Amigos do Autista de Campos (AMA - Campos) vem lutando para dar melhor qualidade de vida aos pacientes. Amanhã é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e abril será um mês de grandes eventos. A AMA não tem sede própria e os pais se reúnem em locais cedidos por colaboradores. Uma reunião onde os pais encontram ajuda, trocam informações e apoio para enfrentar os preconceitos.
O Autismo, também conhecido como Transtornos do Espectro Autista (TEA), causa problemas no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social da criança. Esse transtorno não possui cura e suas causas ainda são incertas, porém ele pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado para que, assim, o paciente possa se adequar ao convívio social e às atividades acadêmicas o melhor possível. Por isso, é necessário dedicação.
Marcela Peixoto Ferreira é presidente da AMA e mãe do pequeno Jhúlio, de nove anos. Ele é portador de Autismo, o transtorno foi descoberto quando ele tinha apenas um ano e 10 meses. O diagnóstico foi dado por três neuropediatras de locais diferentes. Desde então a luta de Marcela tem sido grande, mas o desafio e as surpresas são gratificantes.
Marcela preside associação
Marcela preside associação / Divulgação
— Desde o diagnóstico de autismo tenho aprendido a ter menos expectativa e viver um dia de cada vez. E o melhor de tudo isso é que, com menos expectativas as surpresas se multiplicam. Uma coisa que chocou muito foi ouvir de um profissional de que o meu filho nunca saberia o meu valor para ele, o valor de mãe e com o passar do tempo vi que o amor transforma as pessoas. Cuidar e educar o Jhúlio é desafiador, mas ao mesmo tempo gratificante, porque com amor a gente vê o desenvolvimento e como ele pode evoluir dia após dia — declarou Marcela.
A AMA, apesar de não ter sede própria vem ao longo dos dois anos de existência colaborando com os pais. Os encontros são através das redes sociais e de alguns locais cedidos por parceiros. “Nós hoje temos parceiros e nos reunimos em salões de igrejas, de universidades, escolas. A gente precisa de um local fixo e de profissionais que queiram atuar de forma voluntária. É muito difícil, mas se cada um puder dispor de duas horas para se dedicar às crianças que hoje não estão conseguindo vagas nas instituições que atendem aos autistas a gente consegue melhorar a condição de vida de cada um deles”, informou a presidente da AMA.
No mês — Nesta segunda-feira (2) é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e abril será um mês de eventos. A programação conta com mesa redonda, sessão de cinema, festa de confraternização e muito mais.
“O preconceito existe e dói demais na gente”
A inclusão social de uma criança portadora de autismo tem sido o desafio de muitos pais, que sempre esbarram no preconceito. Muitas das características do autismo podem ser confundidas com birra ou malcriação, então gera essa dúvida a todo o tempo: ele tem algum problema ou é mimado demais? Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de desequilíbrio para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados.
— O preconceito existe e dói demais no coração da gente que é mãe. É um olhar atravessado, uma opinião ofensiva, uma avaliação do comportamento sem saber da causa. Aconselho aos pais a não limitar os filhos, acreditar na potencialidade deles, porque seu filho é seu, mesmo estando dentro do espetro autista, mas não é a síndrome que define ele. E para as pessoas que estão de fora o que a gente pede é que passe a olhar com o coração, não analise friamente e critique o que não sabe do que se passa com a criança. Enquanto a gente se coloca no lugar do outro, quando a gente oferece uma ajuda e a pessoa te diz de que forma você pode ajudar, isso ameniza muito a dor dos pais, a dor da criança, porque não é fácil, mas com jeitinho a gente consegue — desabafou Marcela.

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