Matheus Berriel
24/03/2018 15:48 - Atualizado em 27/03/2018 13:54
Instituição centenária de Campos, o Asilo Nossa Senhora do Carmo, que abriga 60 idosos, sempre passa por dificuldades para se manter. De acordo com o presidente da casa, André Araújo, o maior problema está no atraso do repasse por parte da Prefeitura, que, segundo ele, já chega há três meses, embora o poder público só confirme um. Apesar do estoque de alimentos e fraldas geriátricas estar atualmente abastecido, graças às doações de colaboradores, há risco de corte na energia por atraso no pagamento de conta.
Segundo André, o repasse mensal da Prefeitura é de R$ 49.400,00, verba destinada ao pagamento de toda a equipe técnica e os demais compromissos. “Hoje, são três meses de atraso no repasse. Por enquanto, a gente não tem previsão nenhuma do pagamento. Isso gera até uma incerteza. A gente não pode fazer despesas porque não sabe quando vai receber. E temos algumas contas vencidas. Temos um aviso de corte de energia. Em relação à conta de água, uma funcionária foi negociar para fazer parcelamento porque também está em atraso. Então, isso gera bastante dificuldade, até porque a gente paga um juro muito alto com relação a essas contas”, afirmou.
Uma das maiores dificuldades é não deixar que faltem fraldas geriátricas. “Já tem dois anos que a gente não consegue pegar nenhum pacote de fralda na rede municipal, e 70% dos nossos idosos usam fraldas geriátricas. Nos alimentos, também temos dificuldades, mas das fraldas a gente necessita mais, até pela rotina de consumo”, contou André. Além do repasse municipal, o Asilo do Carmo também se mantém com 70% de cada idoso, sendo que muitos, internados por solicitação do Ministério Público, têm o dinheiro recolhido numa conta judicial.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que “os valores de repasses relativos ao ano de 2017 estão quitados e o município vem mantendo esforços para quitar uma única parcela pendente com relação ao ano de 2018”. Sobre as fraldas geriátricas, a secretaria de Saúde alegou que “o pregão foi homologado na última quinta-feira (22) e os pedidos já estão sendo empenhados para reabastecimento do almoxarifado”.
A atual vice-prefeita de Campos, Conceição Sant’Anna, já prestou serviço como assistente social e presidiu o Asilo do Campo por um longo período. Ela, por meio de nota, explicou entender que “não só o município, mas todo o país vem passando por uma situação delicada economicamente, e que a Prefeitura de Campos vem buscando contribuir não só com o Asilo do Carmo, mas com todas as instituições, com as ferramentas que possui, como: oferta de médicos, cirurgiões dentistas para atendimento aos assistidos, entre toda a estrutura que possa ser disponibilizada pelo município”.
Voluntários realizam mutirão de limpeza
Voluntários fizeram um mutirão de limpeza na manhã de sábado, no Asilo do Carmo. Eles pertencem ao Projeto Alegria e Ação, que desde 2012, vem fazendo ações sociais para ajudar instituições carentes que abrigam idosos, portadores de doenças, crianças órfãs e outras pessoas.
Aproximadamente 30 pessoas participaram da ação. Eles também arrecadaram diversos alimentos, produtos de higiene, objeto de uso pessoal, além de roupas. Todo o material foi entregue à instituição.
O biólogo Gleyson Silva disse que todos podem ajudar. “Não precisa de nenhum requisito para poder fazer parte destas ações. Basta apenas querer ajudar. Não é necessário ter uma condição financeira alta. No nosso grupo, temos participantes de profissões bem diferentes. O que importa é a ação humana. É interessante que todos ajudem”, disse.
O asilo funciona atualmente em um prédio anexo ao Solar do Barão de Carapebus, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Uma reforma seria feita no casarão, com verba federal liberada em 2014, mas foi inviabilizada devido à inoperância da gestão municipal passada.
Fraldas e alimentos para cerca de 2 meses
Atualmente, segundo o presidente da unidade, os alimentos e fraldas são suficientes para cerca de dois meses. Apenas o café estava terminando. A estabilidade da maior parte do estoque se deve à colaboração de doadores pontuais e também dos sócios do asilo.
— A pessoa pode vir ao Asilo do Carmo e adquirir seu carnê. A contribuição mínima é de R$ 10 por mês e a pessoa vai colaborar muito. Existem vários contribuintes que, hoje, ajudam a manter essa casa. Em torno de 300 a 350 que pagam mensalmente, são atuantes. Quem quiser ajudar de outra forma, alguma empresa interessada em parceria, também pode nos procurar — disse André.
Para manter a comunidade próxima, a diretoria planeja eventos, como o provável retorno das serestas das últimas sextas-feiras de cada mês, a partir de abril, e a tradicional festa junina. “São 60 idosos que precisam do carinho, da compreensão, de um ouvido, de alguém sentar do lado para bater um papo. Então, a gente convida toda a comunidade para participar não só de eventos como o mutirão, mas no dia a dia”, finalizou André.