Matheus Berriel
17/03/2018 14:01 - Atualizado em 19/03/2018 14:41
Médica formada pela Faculdade de Medicina de Campos, com especializações em oftalmologia, pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, e Medicina do Trabalho, pela Santa Casa de São Paulo, além de estar cursando o sexto período de Direito. Este é o currículo de Renata Castelo Branco Juncá, que assumiu a presidência da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Campos no dia 1º de março, substituindo a atual secretária de Saúde, Fabiana Catalani, que acumulava as funções até então. A mudança fez parte da reforma administrativa promovida pelo prefeito Rafael Diniz. Em entrevista à Folha da Manhã, nessa sexta-feira (16), Renata listou os desafios que terá pela frente, destacando a necessidade de enxugar os gastos da Fundação, sem deixar de oferecer qualidade no atendimento à população nas unidades de emergência e urgência.
Antes de presidir a FMS, Renata Juncá era coordenadora do Programa Municipal de Saúde do Trabalhador (PMST), desde o início da atual gestão. “Com o trabalho desenvolvido, houve esse convite, tanto por parte da secretária, como do prefeito, para que eu pudesse assumir a Fundação, com o objetivo de que a gente consiga avançar principalmente nos processos de insumos, medicamentos, equipamentos, nos processos ligados às emendas parlamentares. Enfim, para dar mais celeridade neste processo, visto o volume da demanda. A secretária não estava mais conseguindo absorver as duas coisas”, afirmou a presidente da FMS.
De acordo com Renata, o maior de todos os problemas da Saúde de Campos é o financeiro, pois está diretamente ligado a todos os outros. Em 2017, a despesa da FMS foi superior a R$ 292 milhões. Faz parte destes gastos a aquisição de medicamentos e insumos, um dos principais pontos cobrados pela população e pelos próprios médicos. Para lidar com o problema e evitar que ocorra novamente, o foco, segundo ela, está em listar prioridades. Por enquanto, a conta não fecha.
— Eu tenho que me programar para reduzir a despesa em 2018, porque já sei que não tenho orçamento para isso. Ainda não tenho os valores, mas preciso trabalhar para gastar menos. Quando entramos em 2017, tínhamos uma previsão em cima do último ano do governo anterior. Agora que a gente vai entrar com o que a gente projetou. Tem como reduzir o gasto e melhorar a qualidade sabendo comprar e direcionar. Antes, se tinha dinheiro e comprava mal. E se comprava mal, comprava de novo. Hoje, temos que direcionar muito bem essa compra, observar muito bem onde está precisando. Em vez de fazer grandes estoques, comprar quantitativos suficientes para um tempo menor, e depois abrir outro processo. Nesse meio tempo, vão entrando os recursos de royalties, as verbas federais, enfim, a gente consegue ter uma previsão, um controle maior sobre a despesa e o que está sendo gasto — enfatizou Renata Juncá.
No ano passado, o caos da Saúde ficou nítido durante assembleia do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), no dia 17 de outubro, quando foi declarado estado de greve. Desde então, houve avanços, embora a situação ainda esteja longe da ideal.
— Essa situação foi herdada e estamos tentando resolver. Precisamos dos médicos, em parceria, para isso ser resolvido. Ninguém deixa de admitir que a situação está muito difícil, que faltam insumos, materiais. Mas, entendo que, neste momento de crise, os médicos não podem ser mais um agravante. Espero que sejam parceiros na tentativa de melhorar este cenário. Não acredito que exista risco de greve, como existiu, mas também não falo em tranquilidade. Eu acho que o espaço para o diálogo está sempre aberto. Eu estou aberta ao diálogo, como a Fabiana também. Não houve recusa de diálogo. Mas, as dificuldades sempre foram colocadas na mesa. Estamos num momento em que todo mundo teve que ceder um pouco em prol de um objetivo maior a médio e longo prazo — ressaltou.
Um dos objetivos de Renata Juncá é tentar resolver o problema das filas nas unidades de saúde e dos pacientes nos corredores dos hospitais. “Quando a rede de emergência foi criada, a gente não tinha esse cenário populacional. Houve um crescimento. Fora que Campos acaba absorvendo todos os municípios da região. A gente tem que se adequar a isso, distribuir melhor os leitos, reestruturar a rede. Vamos tentar ganhar mais fundos através da Rede de Urgência e Emergência (RUE), um programa do ministério da Saúde, para melhorar a assistência aos pacientes nos hospitais”.
Durante a última semana, chegaram à FMS equipamentos que foram adquiridos recentemente. Foram 13 respiradores, três desfibriladores, quatro aparelhos de anestesia e 15 monitores multiparâmetros, que ainda serão distribuídos às unidades.
Reforma no HGG aguardada ainda para 2018
Com menos de um mês à frente da FMS, Renata já está tendo que enfrentar um grave problema. Por conta das fortes chuvas que atingiram Campos nas últimas semanas, houve transtorno no Hospital Geral de Guarus (HGG), que mais de uma vez teve seu interior alagado. Equipes da secretaria municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana fizeram reparos no teto da unidade, mas existe receio de que o vazamento volte a ocorrer em caso de nova chuva intensa.
— A gente precisa de uma reforma estrutural, porque esses vazamentos não são de agora, são antigos. O próprio desenho do telhado propicia o acúmulo de água. Como no rebaixamento há placas de gesso, essa água vai infiltrando. Toda a estrutura do hospital está de certa forma comprometida. Deve sofrer uma intervenção como um todo. Não adianta a gente ficar só tapando os buracos. Temos que mexer de forma macro, como um todo. O problema estrutural não vai ser corrigido com pequenos reparos — avaliou.
Segundo a superintendência de Comunicação, a elaboração do projeto de reforma do HGG está “em fase final de execução”. No ano passado, o deputado federal Paulo Feijó (PR) viabilizou R$ 5,5 milhões para a unidade, por meio de emendas parlamentares, sendo R$ 4 milhões para obras de reforma e manutenção e R$ 1,5 milhão para aquisição de equipamentos. “Temos processos autorizados, mas não sei quanto tempo vai levar para serem liberados em Brasília. Não posso falar se faremos no primeiro semestre, no segundo. Minha esperança é que aconteça já neste ano. Vamos trabalhar para isso, para evitar que, em março do ano que vem, a gente passe por isso de novo. É uma tragédia anunciada. Desse jeito, em todo primeiro trimestre do ano isso vai acontecer. A manutenção preventiva tem sido feita, mas isso é pouco”, afirmou a presidente da FMS.
Além das emendas recentes, segundo Renata, há outras antigas que não foram utilizadas. “Tem emenda de 2010, 2012, que não saiu do papel porque, muitas vezes, o projeto não foi feito, não foi contemplado como poderia ser, alguns pela falta de interesse. Uma das minhas missões é correr atrás desses recursos, procurar as fontes para cobrir as dificuldades que a gente tem”.
Melhorar interface entre secretaria e FMS
No final de fevereiro, antes mesmo de assumir o cargo atual, Renata Juncá disse à coluna Ponto Final, da Folha, que a interface da FMS com a secretaria de Saúde precisa melhorar. “A atenção básica do município, ao contrário da orientação do SUS, não faz contato com os atendimentos de urgência e emergência. Recolhemos os dados necessários para montar uma base estatística para, a partir dela, monitorar nossas ações, sem achismos ou política, que eram os critérios da Saúde em Campos”, comentou na ocasião.
Na entrevista, Renata também falou sobre o tema. “Preciso ter uma série histórica do que a gente gastou em 2017 para planejar 2018. Esses indicadores, a gente tem no sistema do Sistema Único de Saúde (SUS). Há programas do próprio ministério da Saúde em que a gente alimenta com os atendimentos que vão sendo feitos, e eles vão dando uma previsão mensal, anual, do que a gente está consumindo. Em cima desses dados, é direcionado o orçamento. Não na base do que antes era feito. Pretendemos melhorar as informações. É através das informações que a gente recebe os recursos”, afirmou.
Na visão de Renata Juncá, no primeiro ano da gestão, ficou uma lacuna entre a secretaria, responsável pela rede básica de assistência, com as Unidades Básicas de Saúde, e a FMS, que cuida da rede de urgência e emergência. “A gente precisa melhorar esse fluxo de entendimento, essa interface. É uma das premissas para 2018. Por exemplo: se eu consigo, na urgência e emergência, identificar que aumentaram os casos de ataque cardíaco, posso comunicar e solicitar que as unidades básicas sejam mais enfáticas nos tratamentos, criem programas próprios nessa patologia específica”, finalizou.
Com menos de um mês à frente da FMS, Renata já está tendo que enfrentar um grave problema. Por conta das fortes chuvas que atingiram Campos nas últimas semanas, houve transtorno no Hospital Geral de Guarus (HGG), que mais de uma vez teve seu interior alagado. Equipes da secretaria municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana fizeram reparos no teto da unidade, mas existe receio de que o vazamento volte a ocorrer em caso de nova chuva intensa.
— A gente precisa de uma reforma estrutural, porque esses vazamentos não são de agora, são antigos. O próprio desenho do telhado propicia o acúmulo de água. Como no rebaixamento há placas de gesso, essa água vai infiltrando. Toda a estrutura do hospital está de certa forma comprometida. Deve sofrer uma intervenção como um todo. Não adianta a gente ficar só tapando os buracos. Temos que mexer de forma macro, como um todo. O problema estrutural não vai ser corrigido com pequenos reparos — avaliou.
Segundo a superintendência de Comunicação, a elaboração do projeto de reforma do HGG está “em fase final de execução”. No ano passado, o deputado federal Paulo Feijó (PR) viabilizou R$ 5,5 milhões para a unidade, por meio de emendas parlamentares, sendo R$ 4 milhões para obras de reforma e manutenção e R$ 1,5 milhão para aquisição de equipamentos. “Temos processos autorizados, mas não sei quanto tempo vai levar para serem liberados em Brasília. Não posso falar se faremos no primeiro semestre, no segundo. Minha esperança é que aconteça já neste ano. Vamos trabalhar para isso, para evitar que, em março do ano que vem, a gente passe por isso de novo. É uma tragédia anunciada. Desse jeito, em todo primeiro trimestre do ano isso vai acontecer. A manutenção preventiva tem sido feita, mas isso é pouco”, afirmou a presidente da FMS.
Além das emendas recentes, segundo Renata, há outras antigas que não foram utilizadas. “Tem emenda de 2010, 2012, que não saiu do papel porque, muitas vezes, o projeto não foi feito, não foi contemplado como poderia ser, alguns pela falta de interesse. Uma das minhas missões é correr atrás desses recursos, procurar as fontes para cobrir as dificuldades que a gente tem”.