Chuva causa desmoronamento, faz córregos transbordarem e desaloja famílias em Morro do Coco
Após a forte tempestade que caiu na região, desde quinta-feira, vários transtornos foram registrados em diversos municípios. Em Campos, além das complicações na área central da cidade, o distrito de Morro do Coco foi o considerado mais crítico, com várias ruas alagadas e famílias desalojadas, inclusive a BR 101 chegou ficar interditada. O prefeito Rafael Diniz (PPS) chegou a ir ao distrito para acompanhar ações desenvolvidas pela Prefeitura para amenizar a situação no local. Na região de Lagoa de Cima e do Imbé, os moradores também foram afetados. Em Macaé, Conceição de Macabu e Quissamã também foram contabilizados transtornos. Já na região Noroeste Fluminense, o município mais afetado foi Santo Antônio de Pádua.
Em Campos, a Defesa Civil monitora os rios Paraíba do Sul e seus afluentes, além do rio Ururaí e das regiões do Imbé e Lagoa de Cima. Ontem, o Paraíba atingiu 7 m. Já o rio Ururaí chegou a marca 3,40 m, sendo que seu nível de transbordo é de 3,80 m. Ainda segundo a Defesa Civil, a Lagoa Feia media 4,10 m.
Em Morro do Coco, 18 famílias ficaram desalojadas. Destas, 13 foram para casas de parentes e cinco foram abrigadas na Escola Municipal Lulo Ferreira de Araújo. Com a forte chuva, parte da pista da BR 101 no km 28, na altura do distrito cedeu, chegando a ficar três horas interditada. Córregos transbordaram, houve desmoronamento de encostas e queda de luz. Famílias chegaram a passar a noite no posto local da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo o coordenador da Defesa Civil de Campos, major Edison Pessanha, o esperado era 40 mm de chuva, porém choveu 94 mm. Sobre a situação da BR 101, ele disse que a manilha existente no local, não suportou o fluxo de água: “A manilha recebeu muita vegetação, criou uma bucha e represou a água, que passou sobre a BR e inundou todas as residências, que inclusive já tinham sido condenadas e as pessoas não poderiam estar morando ali. Nós prestamos apoio e hoje as secretarias estão atuando em conjunto, que estão avaliando a situação de cada família”.
A água que chegou com força por volta das 23h de quinta-feira, por conta do transbordamento de um córrego, alcançou cerca de 2,8 metros dentro das casas. Cassiana Matos da Silva, mãe do Pedro Lucas de dois meses, estava se preparando para dormir quando precisou deixar o imóvel. “Meu filho já estava no berço. Foi muito desespero. Não deu pra salvar nada, nem pegar o documento dele”, disse.
Além da Defesa, as secretarias de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Desenvolvimento Humano e Social, e outros setores desenvolveram ações conjuntas para amenizar os transtornos.
O prefeito Rafael Diniz falou sobre a situação: “Já cadastramos todas as famílias, para a gente poder dar dignidade a estas pessoas. A alimentação já está sendo garantida para toda a população que foi afetada e prejudicada. A gente já está buscando soluções para essa dificuldade que estamos enfrentando”.
Morador da mesma localidade, Anderson Ferreira, 34 anos, que mora com dois filhos e a esposa, contou que a situação aconteceu em pouco tempo. "Foi coisa de cinco minutos, a água chegou e só deu tempo de sair com as crianças, não tiramos mais nada. Perdemos tudo dentro de casa, geladeira, saco de compras". O vizinho de Anderson, Lecimar Silva, que mora sozinho, relatou que o desespero foi tão grande que ele começou a pendurar as coisas no teto. "Não teve jeito. A gente quer sair fora, mas não tem solução. Eu estou desempregado e não tenho pra onde ir".
Lagoa de Cima encheu e Imbé sentiu reflexos
Moradores da região de Mocotó, Sossego do Imbé, Lagoinha e Lagoa de Cima também sentiram reflexos da frente fria na região. Toda a água que caiu na região serrana de Macaé impacta no volume de rios importantes como o Mocotó e rio do Norte, que abastecem o rio Imbé, que assim como o rio Urubu desemboca na Lagoa de Cima. Toda a água é escoada pelo rio Ururaí, que vai desaguar na Lagoa Feia.
Segundo Paulo Roberto de Abreu, morador da região de Lagoinha, na manhã desta sexta não foi possível levar sua produção leiteira para as fábricas de laticínios instaladas na localidade de Aleluia. Ele contou que uma manilha rompeu e levou parte da estrada. “Tive que arrumar um cavalo para conseguir passar com os latões de leite. Só moto consegue passar no que sobrou da estrada”, disse o morador que contou ainda que em Mocotó, famílias já estão isoladas.
Paulo contou que em Lagoinha, na tarde desta sexta, metade da estrada já estava submersa, na pista que dá retorno de Conceição do Imbé à Lagoa de Cima.
A Defesa Civil informou que não recebeu nenhum chamado para a região do Imbé, mas vem monitorando, através de contato com os moradores, a situação tanto em Lagoa de Cima como no Imbé.
Rio Pomba com alerta máximo em Pádua
Na região Noroeste Fluminense, o município de Santo Antônio de Pádua foi o mais afetado. O rio Pomba, que banha a cidade, atingiu 4,43 m e foi emitido sinal de alerta máximo pelo Inea. O município de Itaperuna também foi afetado e registrou alagamentos, porém o rio Muriaé não atingiu seu nível de transbordo.
Em Natividade, também no Noroeste, o rio Carangola chegou a transbordar, atingindo a marca de 4,50 m. No final da tarde, o nível se manteve em 4,85 m. A localidade mais afetada foi o distrito de Bom Jesus do Querendo, onde diversas famílias tiveram suas casas atingidas pela água.
Previsão - De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), a probabilidade de chuva para este sábado em Campos é de 90% e de 87% neste domingo. A chuva deve dar uma trégua a partir de segunda-feira, quando é previsto apenas 5%.
Em Santo Antônio de Pádua, a probabilidade de chuva também é de 90% para todo o final de semana.
